5.01.2010

Coração Frio

Disperso é o redemoinho
em meu peito gasto
escasso é o pasto
que me nutre a alma
"a calma"
que não reside em mim
desejo insano
que nunca chega ao fim
sentimento humano
sonho de serafim
subliminar vida
na entrelinhas das horas
tempo de degolas
em meu peito
cabeças rolam
nos lençóis brancos de meu leito
minhas mãos choram
em letras de traço desfeito

Triste e decepado
coração apaixonado
não bate por mais ninguém
comboio de de cordas sem razão
descarrilhado trem

Nada restou

Ausência se faz ao meu coração louco

meu último recôndito perfeito
morto com um tiro peito


agonizou febril

"viver é pouco".

Nefasto mote que afasta meu
coração doído

Sinto-me

n u a

c r u a

NADA!!!


Sem mestre

parceiro

ou amigo.





Solitária




Calo-me


continuarei orbitando ao redor de meu umbigo.

Universo em verso
mudo, solitário, ambíguo.

Dizimação emocional


rranco-me a pele não quero mais sentir
Arranco-me os nervos, não quero transmitir
um estímulo,um elétrico mínimo sinal
do gozo do banal e vil prazer carnal.

Arranco-me do corpo tudo que possa lembrar
a pele, o tato, a audição, o paladar
pois quero ter amputado enfim de mim
este gozo de sentir uma pele de cetim.

Não quero mais nenhum parco sentimento
nem um gozo, nem um pouso, nem lamento
quero que o frio do inverno habite meu coração
quero que acabe este inferno, esta procura em vão

Queimem meu corpo burro, ardente e são
quebrem meu osso do púbis e os da mão
desarticulem minhas pernas, meus braços

desfaçam-me destes humanos tristes laços
despojem-me destes tristes estilhaços
pedaços de afetos vertidos ao rés do chão.

Entendimento


h plácida calma que invade minha alma serena
óh resignação que torna aceitável a triste pena
De viver só, sem sentir dorida e triste solidão
de sentir o peso da mó, lembrar que farinha foi grão.

Que esmagado pelas pedras pesadas da vida
tornar-se alimento que sustenta, cura ferida
bruto grão, íntegro, não alimenta, lamento...
ferido, alva farinha, proto-pão, alimento


E assim roda a vida, esmagando o coração
assim curam-se as feridas, grão partido vira pão

E eu sigo serena meu solitário e único destino
E sonho todas as noites o mesmo sonho vespertino

Dorme-se e acorda-se, mesmo leito branco e frio
lava-se toda a manhã, mesma água do gélido rio.

Quando despoja-se dos resquícios da triste noite
Quando refresca-se os vergões do triste açoite.

E assim passa a vida, um dia bom e outro não
Assim vai a vida, um dia frio, outro paixão.

Vida


ma nesga de sol invade meu quarto
percebo o triste ato neste teatro vida
Uma nesga de renda esquecida no retrato
deixa-me no ato, tonta, aturdida.

A vida, óh a vida, escolha ou batalha perdida?
Vida, óh vida, cicatriz ou aberta ferida?

Chega!


Vida és vida, em cada palavra proferia
Vida és vida, em cada criança parida
Vida és vida, em cada mágoa esquecida


Vida és vida, por mim escolhida!

Deixo ao caminho meu negro manto
visto-me com um sorriso e com encanto

Lavei todas minha feridas com meu lúgubre pranto.

Decidi viver!

não irei amaldiçoar da vida cada encanto!

Decidi crescer

Enfrentar o destino, ser feliz me meu corpo santo.

Ponto de mutação


Quantos olhos são necessários para ver o sol se por?
quantos matizes são necessários para chamarmos isso de cor?
quantos pássaros são necessários para voar?
quantos palcos são necessários para encenar?

Tão perdida estava eu no meu mundo privado
que privada fiquei eu em meu mundo imaginado

Esqueci que além da janela, há um mundo lá fora
que a vida é vela, que se apaga a qualquer hora.

Esqueci que além do teto existe azul céu
que as abelhas picam, mas fazem também mel.

Que existe um amor que transcende um simples ato
que existe em toda parte, não só dentro de um quarto.

Assim eu decidi sair deste escuro poço sem fundo,
Desisti de amar um homem, aprenderei a amar o mundo.

Amor universal


Nesta diáspora de meu desejo
espalha-me inteira ao mundo
amo a todos, até nem vejo
onde espalho amor fecundo

Hoje saio do ambíguo
sentimento solitário
eu separo-me do umbigo
sou um ser solidário

Ao mundo lanço amor
não inclino-me mais ao pranto
tal qual sol em seu fulgor
não escolhe luzir tal canto.

Espalho-me em alegria
vejo aurora fulgurante
podem dizer que é mania
mas do amor sou infante.

Se é doença, não é agonia
não dêem-me nenhum remédio
pois agora não sinto-me vazia
não pularei de nenhum prédio.

Existem tantos seres no mundo
porque amar apenas um
se pode-se em um segundo
amar a todos e não algum

Então tal qual luz fractada
me desfaço em mil pedaços
sou fraterna namorada
tenho o mundo em meus braços.

Por ti


Meu coração é grande
castelo de muitos quartos
Meu coração tange
a doçura de muitos atos

Meu coração é louco
um músculo arrítmico
Meu coração é pouco
para afetos Sísmicos.

Como impedir o sol de nascer?
inexorável movimento quotidiano
Poderia eu inverter a translação?
mudar o rítmo circadiano.
(ou) simplesmente arrancar de meu peito meu coração.
INSANO!

Análise pessoal

Vôo no estrago, o estrago do vício
vôo no precipício que em mim trago
trago o fumo que nem sei do sumo
sumo no humo do lodo precipício

Desmonto minha alma, quebrada do ínicio
Gêneses sem forma, ser fictício
sopro sem alma, barro de hospício

Nasce sem calma, carne de costela
sopro de vela, velando no traço

Rompo o laço, sou ser escasso
jogando versos gastos ao vão espaço.

Sopram palavras em meus ouvidos
revelam segredos ao vento, perdidos

sou um frêmito, em pulmôes sofridos.

Nada resta


Nada restou
nem nada resta

...............nem olho
........................nem luz
...............................nem fresta.

Apenas a vida

que finda na madrugada
na aurora recomeça

.....insossa
..............fosca
.....................frustra

que passa sem pressa.


[Apenas há a escrita que algum sabor me empresta]


ANA LYRA

Ciclo inexorável


asce uma pequena flor
amor-perfeito

Nasce uma luz, uma cor
ilumina o peito

Nasce um sol
que irá se por
rarefeito

Nasce mais um amor
que acabará
desfeito

Nasce mais um vinco
nos lençóis
de meu leito.

Maldição das Moiras


Maldição das loucas Moiras
que traçaram tal teia tangente
bruxas cegas e loucas
com bordados incoerentes

Nutrindo parcas bocas
com desejos ardentes
inocentes, improváveis
indecentes, inexoráveis


Aportam aos corpos abertos
acorrentados em distintos tetos
em momento improvável
cruel desejo insaciável

Só em póstuma viagem
então como espectro surgiria
a tão sonhada coragem
para provar rara iguaria:

corpo firme, lindo ereto
em lânguida solitária agonia.

Eis então a maldição
ao lúdico triste coração
o corpo em estertores
estertorando ilusão

são apenas solitários atores
contracenando com a própria mão


Arde tanto de dores
sentem doces odores
exalados em solitário vão
são pétalas de rosas
esmagadas por do imutável Não

Malditas Moiras loucas
bruxas sem compaixão
teceram linhas poucas
separam o corpo
juntam o coração.

Declino ao desejo
deste corpo ao rés do chão
desmancho-me em lamentos
corpo santo, amor de irmão.

Janela para o Lírico


nvelhecida a janela, entreaberta
Absorvendo fios de vida, incerta
pela fresta
A vela desmaia em cera, tosca
Esvanece-se a réstia de luz
fosca

Fechei a janela, envelhecida
Aprisionei lá fora, a vida
matei a fresta
A noite escura o sono
me empresta
Sem luz já nem o escrever
me resta

Porém, em meu coração
insano
sobrevive o desejo
humano
De ser chama, fogo, brasa, vela
desejo que a mim se atrela
nesta busca insana.

Busca de um coração que ama
Em letras lanço meu clamor ao espaço
cego, incerto, triste e trêmulo
enfim traço 

fusco escasso verso.

Lançando meu amor com fé
a todo o universo.

Carta ao parceiro

A ti
dono dos movimentos sem nexo
envio este sentimento
anexo
para que entendas
que a mulher
não vive só de rendas
prostrada, nua ao leito
que além dos seios no peito
existe por dentro um músculo
que se emociona ao crepúsculo
portanto seu lobo sarnento
vil, torpe e sedento
desejo-te um grande tormento
que teu órgão vital
chamado usualmente de pau
deixe-te eternamente
à mingua, flácido, dormente
seja-te uma maldição
não te resolvas
nem mais com a mão

que morras murcho
sem comida no bucho
quem sabe assim,
seu burro, insensível
sanguinário
descubras o intangível,
além do corpo, visível
há um outro cenário
além da doce quentura
do corpo em movimentação
além da temperatura
da pele e do toque da mão
existe no peito um músculo
que se chama coração.

Espuma à maré cheia


u és

a areia que sustenta meus pés
que flutuam no éter insano
as folhas de papel
que cobrem meu corpo de mel
de desejo humano.
Tu és 

o mumuro do vento do norte
que sussurra improvável sorte
que alimenta meu lirismo
és um beijo jogado ao abismo
num eco sem retorno

Tu és
O rei em seu domo de letras
Eu? A viúva de rendas pretas
tecendo versos bordados
desmanchando ao dia
a tristeza e a agonia
à noite sou teia versos dourados
jogados à areia em castelos inventados.

Nós? 

Somos apenas poetas
de loucas afetivas metas
com a rima que pulsa nas veias
com os corpos trepassados por setas
encantados por cantos de sereias
sobrevivendo em pequeno espaço
tecendo etéreo tênue laço
tal qual as espumas nas areias
fuscas e frágeis
à lua nas marés cheias.

Eis que surge o amor em minha morada

Era noite, a lua fria iluminava
a areia onde minh'alma vagueava
Era noite, o vento forte e frio
abraçava meu corpo lânguido, vazio.

Sentado belo e solitário à duna
mirava-me aquela figura soturna
sorria sob a luz fugaz da lua
lembrava-me que um dia seria sua.

Num lampejo vindo da escuridão
vislumbrei o futuro em ebulição
o espaço de anos não mais afasta

Finda o tempo de minha alma casta
não penso, o presente me basta
largo-me a esta doce emoção.

Sou sua, ele meu, em terna noite de paixão.

Beijo transatlantico


eijo que navega por um oceano
insano desejo sobre-humano
que aporta em minha alma louca
desfazendo-se à minha boca.
Faz-me faltar-me o ar.

(Que importa este mar de alucinação,
se a ele não me rendo, digo solene não)
Oh! Esse beijo, ao oceano largado
pela minha imaginação, fecunda
à neblina, por duas mãos lançado
minha’alma, de prazer, inunda
Afogo-me então na tua imensidão
fechar os olhos, rasgar a solidão
Percorrer com os sentidos o teu mundo
esquecer-me num imenso prazer fecundo

Faz-me sonhar-me , em ti.

(Perco-me ao desejo do teu beijo a navegar
Galgo léguas e léguas de éter, afecto e ar)
Que venham as tempestades
as correntes de revolto mar
mas este beijo sobrevivente
tão quente, jamais irá naufragar
Assim, que este beijo-desejo
irrompa pelo oceano, ao Tejo,
por fim, venha ansioso desaguar
nas linhas de um lírico poetar (delirar)

A minha loucura


 minha loucura,
me morde, me fura
deixa meu peito aberto
em toda espessura.


A minha loucura
procura, procura
busca insana por
por alguma cura

A minha loucura
também é frescura
quando sozinha
na noite escura

A minha loucura
falante,
com desenvoltura
já chega a conferir
certa formosura


A minha loucura
da alma secura
confere um lugar
onde acho-me segura

Na minha loucura
sou lua brilhando nua
neste mar de lúdica
candura.

Na minha loucura
volto àquela rua
volto o mundo
outra escolha,
sou livre,
sou tua.


Beijo-te inteiro
não só meio
toco-te com ternura.

Na minha loucura
sou eterna,
em letras
amas-me
Sou tua


Apenas na minha loucura...

Ler um poema de amor


Só quero ler-te na solidão das horas
onde a ânsia devora meu corpo vazio
preenche-lo de letras, este toco vadio
que sobrou das árvores amorosas.

Quero apenas preencher-me de versos
perfumar-me de lúdicas rosas
prencher-me de versos, desejos inconfessos
onde deságuo minha alma com frio.

Quero flutuar no vazio desta matéria insana
ser versos que flutuam em minha mente
tornar-me etérea, eterna, lúdica chama.

viver na poesia que minha alma inflama
deixar de hipocrisia e ser simplesmente
uma mulher que ama, uma poetisa, humana.

Moira por favor não deixem meu sol se por.


Fio
que sustenta meu corpo
quase vazio
de alma
calma, calma
tudo vai ficar bem
(mas por segurança
encomende seu requiém)

Frio
é este universo
de afeto vazio
de ruídos
sem versos
de médico
frio...

Rio
das almas
passearei
sem medo
Mas Moira
pensa bem
talvez ainda ´
é cedo...

Da-me outra chance
que sabe meu coração
não desmanche
e acabe por não parar
Moira da tesoura,
não corte o meu fio
não deixe meu corpo vazio
de alma
frio e sem respirar...

Ainda tenho muito para amar!!!!

Meu Requiém

eu coração disparou
meu intestino se borrou
Mas como?
Como pode?
Com médico nenhuma doença fode!!!
Mas não adiantou ciência
nem prepotência
que pudesse impedir
de meu coração entupir...

Fui despida
me chamarem de querida
sem muito carinho, ou alento
enfiaram um cano veia a dentro
disseram "olá como está"
me enfiaram fios
e uma campanhia para segurar
"caso seu coração parar"

Fui depilada
fui amarrada
minha alma achou estranho
estar deste outro lado
ser tratada qual rebanho

Mas todos tem pressa
só meu coração interessa
talvez este seja o defeito
esqueceram que tem um ser
carregando o peito...

Mas ganhei massagem
ainda bem que não foi uma passagem
para o além
quem se candidata ao meu requiém?
alguém?

Desfilei impávida,
pela vida ávida
de bunda de fora
nada mais importa agora!!!

Senti muita dor
vomitei no pé do diretor
tomei morfina
agonia que nunca termina

Mas quando selaram meu destino
tentaram limpar o meu intestino
( para não dar trabalho)
Eu disse:" enema um caralho!!!!
Se é para não sujar a cama
enfie no seu cu sua sacana!!!

E assim está indo tudo muito bem
penso em eu mesma fazer meu requiem.

"Morre pelada,
com um cano no nariz
morreu casta
já gasta a pobre infeliz
mas seu anus estava fechado
morreu e deu trabalheira
seu leito estava cagado
quem limpou foi a pobre enfermeira!!!!)


.

Decisão

Neste limbo onde me encontro
sem amigo, sem nada, sem ombro
onde possa chorar.
Sou escombro
sou quase nada
de um edifício
que ainda está por acabar
Como pode assim de repente
mudar tanto vida da gente?
Como pode o destino
inclemente
Mudar tudo assim
tão urgente
Apocalipse pessoal
para os outros, tão normal...
Mas quando acontece consigo mesmo
ficamos perdidos
vagando a esmo.
Que pensar?
Quando na vida, no limiar
sentamos e vemos
tudo o que fizemos
(e não fizemos)
tudo que desejamos
que deixamos
que queremos

Quando vimos a porta da morte aberta
descobrimos a vida tão incerta.

Quando achamos que nada vale a pena
apenas estar serena
e voar na minha louca pena.

Olhar o filho pequeno
não saber se veremos crescer
Pensar porque tanto veneno
que nos cospem desde o amanhecer

Esta vida é nada
apenas uma coisa inventada
que pode a qualquer instante
ser tirada,
sendo nós apenas a memória restante
por alguma pessoa amada.

Decidi,
Não vou morrer,
VOU VIVER
VER MEUS FILHOS CRESCEREM
ESPERAR AS FLORES FLORECEREM
VOU ESCREVER
VOU VER O SOL NASCER
E SE POR, AO ANOITECER
VOU SER ARTE
DEIXAR A INIQUIDADE À PARTE
VOU SOBREVIVER
VOU SER TUDO AQUILO QUE QUERO SER
VOU SER AMANTE
NÃO MAIS DISTANTE
VOU SER DA VIDA DILETANTE
VOU FAZER TUDO POR AMOR
E NUNCA MAIS NO PEITO
SENTIR DOR!!!

Foda-se


oda-se o muro, o escuro, a luminiscência
Foda-se a falo, o valo, a decência
Foda-se o mundo, o profundo, a proficiência
Foda-se, apenas foda-se, que se vá a falência

Foda-se o ouro, o couro, a violência
foda-se a nicotina, a cafeína, a hiper-consciência
foda-se o seguro, o futuro, a paciência
Foda-se, foda-se tudo, viva a cenescência

Foda-se este viver sem convivência
que fode meu corpo em cansaço, em carência
Foda-se tudo, que se vá ao furo
o corpo, o seguro porto, o ser quase morto
a busca insana por coerência
que se foda o mundo
que eu viva tudo
na minha doce e livre demência.

Último pedido


eija-me,

Minha boca, meu peito.

Cura-me,
deste meu coração com defeito.

Arruma,
meu leito desfeito.

Para eu poder repousar.

Sou pássaro cansado
arfando, sem ter onde pousar


Despe-me,
da roupa escura.

Banha-me,
na tua água pura
És uma cascata de sentimentos
em imaginados momentos
onde nua, minha alma vai banhar

Cura-me,
da minha vã loucura.

Cessa,
minha insana procura.

Chama-me de tua!

Seja em mim tudo
que há para sonhar.


Prometo, juro, me comportar...

Dança comigo?


ança comigo esta valsa
mesmo estando eu descalça
neste tapete de cacos de vidros.

Sussurra em falcete aos ouvidos
indecentes desejos incontidos
de uma alma poética


Dança esta valsa estética
peço-te em bom português
com a mais pura polidez.


Dança inteiro comigo
uma dança de um par proibido
neste salão imaginário.


Constrói comigo o cenário
deste jantar nunca tido
Dança, valseia comigo?

Despe-te tu de teu abrigo
toca-me, liberta este beijo contido
Ama-me em pura alegria.

Dança até raiar o dia
tu de fato negro, elegante
eu de vestido longo, brilhante.

Ao som da valsa do amor
corto meus pés, não sinto dor
és o que ésum ator!

Rodopiando feliz
tal qual galã e atriz
em filme belo e antigo

Dança ,que eu danço contigo
liberta-te desta tua libido
que te prende coerente


Ama-me indecente
pois sou mulher viva, ardente
e tu poeta lírico apaixonado.

Dança, mesmo eu do outro lado
Faz de conta que és meu namorado
e eu uma estrela brilhante.


Ama-me neste tempo restante
deste doente coração partido.
Dança, dança comigo?


Prometo guardar este segredo
se este é teu grande medo
dança neste salão vazio
antes que meu coração não mais sadio
jaza pálido, triste e frio.

Hoje

Olho o cinza das ruas
iluminados pelos neons
estranhos sons maquinais
gritos de mecânicos animais
buzinas varando a noite
em sinais alucinados.
Nada é orgânico
fora o pânico e a solidão.
A vida corre na contramão
do progresso.
O coração pulsa em um ritmo
que não mais meço
Tudo é uma parte
de o mesmo processo.

Olho as luzes
busco um louco,
me confesso.
Ouço o rugido rouco
anunciando o fim certo.
Apocalípse na esquina,
ali bem perto

Pensamento aprisionante.

á tarde me sobram as horas
e demoras 
que a vida imprime
na angústia
que suprime a felicidade.

Pensar até morrer
esquecer de viver.

Reverberam insanas sinápses

Seriam estes os ápices
desta cordilheira chamada vida?

Cada um escolhe o caminho
sempre se caminha sozinho.

Mesmo querendo ser vento,
sou carne parindo pensamento
a cada segundo.

Para!!! Para o mundo!!!
Eu quero descer!!!
Cansei de pensar,
preciso viver!!!

Desejo Carnal


udo que quero
E sentir-te tal qual ferro em brasa
a tatuar meu corpo,
adentra-lo como que entra em casa
ressuscita-lo quase morto.
Ser-te morada eterna
amar-te violenta e terna
abrir-me para teu corpo ereto.
Tudo que quero
é este destino certo
que empurra-me para teu leito.
Não quero mais nenhum feito,
apenas sentir o prazer:
Ter-me deflorada a gemer.
Gritar sinfonia vadia.
Quero amar-te até raiar o dia
afogar-me nos líquidos do desejo.
Quero alimentar-me de beijo
beber da água da alma
quero enfim ter a calma.
Ser saciada inteira
Quero ser-te a primeira,
pois sou virgem no amor.
Amas-me até sentir dor
refresca enfim o ardor
desta minha alma sofredora.
Faz-me de neófita, professora
na arte do amor carnal.
Ama-me tal qual animal,
louco em pleno cio,
derrete meu corpo frio
pois sou inteira tua
assim como o céu é da lua
o palco para ela encenar.
Começa, podes me iniciar
da arte de te amar
ama-me até o mundo acabar
até faltar-me o ar
pois meu desejo é ardente
e minha fome urgente
ama-me pois além de letras
sou também gente!!!!

Dança comigo amigo poeta?

Dança comigo um tango
se não quiseres eu também sambo
pois tenho a mais plena certeza
que de alma te sobra leveza.
Dança comigo esta valsa
mesmo que alegria te pareça falsa
Proponho-te então um escambo
troca este teu corpo mulambo
por um gole de calma
que esquenta tua triste alma
Só não aceito o tempero
com gosto de desespero
destas tuas última letras
vestidas de roupas pretas
A solidão não cai-te bem,
não pensas que não tens ninguém,.
nem nada, nem amante, nem amada
tens em mim uma poetisa apaixonada
pelos teus versos musicados
pelos teus textos iluminados
que trazem luz ao mundo
que simplificam o profundo.
Portanto ainda és vivente
um poeta inteligente
um homem lutador
que esquenta esta fria dor
E inspira uma poetisa
a pensar em outro tipo de amor
o amor transcendente e puro
capaz de iluminar o escuro
da alma em tristeza.

Dança comigo este tango?
Mesmo com corpo mulambo,
dançarás na mais pura leveza
disso eu tenho certeza
pois tu alma é da mais pura beleza
tua poesia singela é luzente pureza.

E teu corpo apenas um detalhe
se bobear capaz que calhe
em uma pista de dança
no baile da esperança.


GRANDE ABRAÇO,
Adoro ler-te colega.
Beijo enorme.

Crescer


rrancou meu coração
seduzido
Deixou-me em coma
induzido

Que posso eu fazer?
Apenas deixar
murchar
fenecer.

Que posso eu fazer?
Apenas, escrever, escrever, escrever
não dormir
ficar até o sol nascer
e meu corpo enfim desaparecer!!!

Quem sabe assim
um dia eu venha a crescer!!!

Paradigma


Tempo que desbota o rosto
austero de um futuro incerto
borda de um estranho teto
que cobre meu corpo posto.
Fio que liga os momentos
liga meu corpo aos sentimentos
sentidos de uma mente inquieta
que sabe não controlar a meta
Experimento de mortalidade
negrito na vida sem qualidade
salta aos olhos a contramão
a vida em inversa direção
Nem delta, nem ômega, nem sigma
necessidade de mudar paradigma
Nem alfa, nem beta, nem gama
o mundo passa ao pé da minha cama

De mim as letras vão sumindo
apenas os clássicos são os imortais
mesmo mortos sempre parecem rindo
da vida dos humanos animais
Nessa dor uma grande chance
antes que a morte alcance
começar realmente a viver
exercitar a arte do esquecer

Olhar apenas para frente
amar, pois há tanta gente
abraçar o mundo num instante
escrever, mesmo diletante.

Respirar o hálito do mar
colorir o céu ao sol nascer
deitar os olhos ao infinito
romper o silêncio com um grito


VIVER!!!!!

Afinal o mundo é tão bonito...
E eu? Muito moça para morrer.

Último pedido


ispo-me mais uma vez
mostro inteira minha tez,
da alma.

Escreve, tatua com calma
com a tinta
"insensatez"
com firmeza e rigidez
o que está escrito
na palma
(da mão).

Toca-me com calidez
sustenta-me,
acalma.
dize-me: NÃO
clarifica a aura.

(0u)
Escreve mais uma vez,
um "quem sabe",
"um talvez"

com sangue
em minha pele,
alva.


Esfria a
ebulição,
a grande confusão,
que se instaura.

Que lenta devora,
a emoção que aflora,
em meu coração
que se esvai,
vai embora...

Não aprendo

Abri novamente meu peito
sempre o mesmo defeito
não aprendo!

Subi novamente o himalaia
torcendo para que novamente não cai
e caí, sofrendo
não aprendo!

Porque eu sempre me rendo?
porque persisto sofrendo
mesmo ituindo, prevendo?
não aprendo!

Mas depois de tanta cara quebrada
tanta montanha escalada
tanta queda do cume
o que se presume?
que mesmo vendo
continuo quimeras querendo
e que, enfim,
sou burra,
não aprendo!!!!

Quase amor

Putrefa o corpo em langor vadio
corpo vazio
Alegoria que a alma carrega incauta
monótona pauta.


Corre o mundo em insalubre velocidade
espreme-se dele o úbre,
mas não há leite,
nem saciedade.


Escorre a vida,
insípida, sem cor
percorre-me insossa
nem mais alegria, nem dor.
Resta apenas uma fugaz presença
um quase amor
Resta apenas uma saudade imensa
uma quase dor.

Um quase beijo que minha alma,
plena, beijou
Um rio de seixos
que o fogo da mágoa,
a água, evaporou.

Resta apenas o caminho
de pedras e desejo humano
e um seco pergaminho
ansioso e insano
(que o tempo, por segurança, queimou).


Quase amor

utrefa o corpo em langor vadio
corpo vazio
Alegoria que a alma carrega incauta
monótona pauta.


Corre o mundo em insalubre velocidade
espreme-se dele o úbre,
mas não há leite,
nem saciedade.


Escorre a vida,
insípida, sem cor
percorre-me insossa
nem mais alegria, nem dor.
Resta apenas uma fugaz presença
um quase amor
Resta apenas uma saudade imensa
uma quase dor.

Um quase beijo que minha alma,
plena, beijou
Um rio de seixos
que o fogo da mágoa,
a água, evaporou.

Resta apenas o caminho
de pedras e desejo humano
e um seco pergaminho
ansioso e insano
(que o tempo, por segurança, queimou).


A duas vozes

Sentes-me mesmo distante?
sentir-te me é o bastante
Mesmo sem substrato
nem cheiro, nem gosto nem tato.



Sem nunca te olhar
imagino os meus olhos
marcados
fixando no espelho baço
teus traços sofridos
rasgados.

Sinto-te a cada instante
sentimento perdido, confuso
errante
Sinto-te a cada verso de amor
em cada suspiro de dor
lancinante


Sem nunca te sentir
desatina o meu coração
cansado
nas noites frias de inspiração
entre nós…a solidão
pecado.

Teu caminho é também o meu
contigo sigo as nuvens no céu. 
Tua voz é também a minha
alimento-me do mesmo mel
nem mais sinto gosto de fél
sozinha


Quente?


uente?
Era meu corpo
que foi cortado rente.
Antes eruptiva lava
em vertente
chegando ao porto
petrificando ao mar
inutilmente.

Quente?
Era minha boca
em tua pele,macia
ansiando ao raiar do dia
despertando fria serpente.

Quente?
Era o pedido
Sussurrado,
eloquente:

"Ama-me!
Sou tua,
sou gente!"


Quente?
Era a lágrima
brotada em poesia
impaciente,
escorrida
incoerente
Em uma face
anestesiada
que já não sente...
Que chora
a volúpia que se demora
não vai embora,
insistente!!!!

Quente?
Era meu corpo
sem-vergonha,
inocente,
embriagado
da água ardente
desta paixão inconsequente
Que tira o ar
deixa-me prostrada
ressaqueada,
senescente
enquanto litinifica
meu coração,
lentamente.

Quente?
Era a febre
delirante,
demente
que senti no dia que me apaixonei
loucamente
Mas como burra Julieta
morri, envenenei-me
precocemente!

Quente?
É tudo que se passa
apenas na minha mente
ou esta lembrança baça
que permanece muda,
silente.

Porém quente, ainda quente...

(maldita, vã, serpente,
e sua maçã suculenta,
atraente...)

Coração


Coração bandido,
ardido,
mal acabado.

Coração fingido
iludido
mal fadado.

Sem ti não vivo
resfolego
me acabo.

Por ti me submeto
visto-me de preto
mudo o lado.

Volta,
bate,
sem revolta
largo tudo
prometo
vivo de arte.

Coração quebrado
partido
sejas amigo,
não se evade.

Quero-te enfim
dentro de mim
batendo quieto
sem alarde.

Aguenta,
não rebenta
não sejas covarde!

Depois que o barco fantasma passa.

om giros, os meus pensamentos giram
nos giros que sinápses percorrem
pelos papiros que meu pensamentos fitam
em chamas os meus pensamentos morrem...

Derretidos, mortos, pervertidos e tortos.

Queima tudo que consome a vida,
cauterizando toda e qualquer ferida.
Dizendo apenas "Adeus, até nunca mais!"
tal qual prostituta à beira do cais.

Olhando um barco, ruim, que não volta mais.

(Em Júbilo, por não mais sentir-se
ardida, mal fodida, penetrada por trás.)

Até chegar em ti

Tuas mão se demoram
nas lágrimas que rolam
pacientes
das verdades que gritam
silentes
no tímbre da espera
(esta megera)
que esfrega as mãos ansiosa
esperando a rosa
e o amor.
Mas quem garante?
A hora de chegar.
Quem garante?
Que ainda haverá ar?
Ou apenas contas de ossos
simbolizando os destroços
do que restou de mim
ao final desde caminho sem fim
que percorri
até chegar em ti

Tardiamente...

Meu amigo Cérbero

Neste jogo de fonemas
me submeto às duras penas
que me imputa o verbo.
Prefiro passear com cérbero
a converter-me à realidade

Prefiro embriagar-me de herbero
a fenecer à normalidade.
Pois que julguem-me as línguas
atolem-me as mínguas
desta vã sociedade.

Pois não me importo
se torto é meu verbo
seu meu único amigo
é Cérbero
e vive ao portal do Hades
Já estou velha,
já se vão muitas idades
(para preocurpar-me
com vãs iniquidades!)

Pasto-gente

Vasto é o campo onde minha alma corre
percorre o pasto serena, calma.
Bebe da chuva que cai com a palma
da mão.
Refresca a vida, o que vale a pena
apenas por estar, ser, sentir-se enorme
e pequena...
Olha o sol atráz da nuvem
Cospe o sal,
tira a ferrugem do mal
que infiltra as cartilagens
despede-se das paragens
lúgubres
de um coração vazio
observa os animais no cio
e suas crias
as aranhas e suas teias frias
pairando no vazio do céu
olha as abelhas fazendo mel
e as formigas que trabalham
repetidamente...
Minha alma vagueia neste "pasto-gente"
que pulula em atividade
neste eco-sistema
chamado sociedade.

Discussão literal

iscussão literal.


Éramos dois pontos, eu queria que tornássemos ponto de exclamação. E fomos, porém acabamos reticências, por isso sento em cima desta grande vírgula e espero um advérbio chegar.

.............

Então eu disse:
“dois pontos nova linha e travessão”

Ele me perguntou:
“queres um parágrafo novo então?”

Eu respondi.

“ A oração é subordinada, não posso fazer nada! Não há como ser independente assim”

Ele retrucou:

“Para mim tu precisas é de um complemento nominal, não de um objeto direto!!!”

Aí eu subi nas tamancas!!!

“ Queres saber?
Para mim chega, verbo intransitivo!!!!”


Ele:

“Esta bem que seja...ponto final!!”

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...