9.24.2009

Que seria?


Tua imagem, cifrada como "A mensagem"
"mens" que age em minha mente,
mente que me cativa, me faz inocente,
mensagem escrita "ao espelho",
com teu fundo vermelho
que me deixa inconsequente.

"Mens", mente, imagem, apenas imagem,
criada ao espelho,
meu espelho, teu relho,
onde me acosto, me encosto em teu seio,
teu grande e nutridor seio
que alimenta e conforta,
melhor talvez a imagem de uma porta,
onde entro sem bater,
portal que transmuta meu jeito de viver.

Chave, também és chave,
da ignição da nave,
que me transporta,
pela etérea porta que me aporta
sem eu mesmo perceber...

Nau, poderias ser uma nau,
de navegador incauto, destemido,
que sangra os mares com cera aos ouvidos,
para fugir do canto das sereias,
vis feiticeiras que te chamam das alvas areias...

Poderia ser mesa,
onde me sirvo de sobremesa,
para arrematar teu jantar,
a deusa embevecida de teu lar,
esperando-te eternamente,
para somente, e felizmente,
amar-te bem além deste mar.

Poderias ser pecado,
apenas pecado,
pecado triste e consumado,
traído, conspirado,
postado nu ao meu lado...

Mas isso não queria,
prefiro que sejas apenas alegria,
eu eu feiticeira, de carne de magia...
sublimando em versos esta agonia
de querer sem poder ter,
de amar sem consumar,
de viver sem ter todos os dias
a luz do teu olhar
iluminando meu dia tal qual o sol ao despertar...

A cada dia teu amor me renova.




Me amas só por hoje?
pode ser?
Não sei amanhã estarei viva
ou se irei morrer.
Ninguém nunca sabe
o que pode acontecer.
Assim nos eternizamos
nos amamos como se fosse o fim dos anos,
nos despimos, rasgamos nossos panos,
nos despedimos dos erros do cotidiano,
amamo-nos num amor insano,
intenso, tenso, simplismente humano.
Amamos sem nos perder-mos,
somos únicos amantes, sem ser-mos,
Nossa vida não é reta, nem certa,
e incerta torta seta mal mirada,
é palavra solta em uma boca, não rimada,
mas se queres minha alma
a ti fortemente anilhada,
liberta-me,
pois serei livre para ser só tua amada,
pois a cada dia novamente te pedirei:
"Entra em meu reino, me invade,
com este amor que tanto arde,
que bem sentes, pois eu sei,
entra, adentra-me, vem ser meu Rei!"
A cada nova alvorada, chuvosa ou ensolarada,
te peço novamente para ser tua amada.
soldo nossa corrente de alma alada,
encontro este elo não mais perdido
que busco há tanto tempo, ja esquecido,
com meu coração ao relento, compungido...

Sertão do meu querer.



Sertão seco do meu querer,
chuva fina vem aliviar,
Espero que a chuva fina
devolva a esperança de menina,
que sua umidade, casta, albina,
sustente, nutra e alimente
esta flor única do amor emergente
que insiste em desabrochar,
despertar, florir, vicejar
Sertão chamado coração,
solo seco, cascalho em grão,
Leito seco do meu ser,
onde nem mais graúna
consegue voar, cantar e viver
Apenas esta solitária flor imaginária,
insiste, persiste, não desiste
É uma flor guerreira,
cheia de cor, sem espinhos de dor,
flor querida, em mim nascida,
chamada por muitos de amor.

Poema existencial.


Pessoa triste desperta poeta,
a meio a tantas turbulências,
no meio da vida, incerta,
sobrevivendo de dor,
concreta,
vida sem sabor,
sem cor, triste
sobrevivendo de dissabor
seu e dos outros,
e juro: não foram poucos!
Cotidiano insano doente,
gente dormindo,
acordando, quase morrendo,
voltando...
se curando, 0 "eu" adoecendo
e o ser sobrevivendo...
Não morrendo, apenas vislumbra,
na penumbra,
distantes falenas
borbolejantes voando cada
vez mais errantes.
Vida sobrevivida de incoerências,
consequências
deste cartesiano linear existir.
A essência se perde, encolhe,
sem respirar, sem amar, só prosseguir.
O ser sobrevive,a essência prescinde
finge que existe sem sentir.

Desperta, reage, age.
Luta, reluta,
não mais se avilta,
se levanta
se avulta,
descobre o ar,
seu jeito próprio de poetar...
Pensa,
"Existência reprimindo essência...
nunca mais,nem pensar!"
Largo tudo, morro louca, mas não vivo mais sem rimar.

Perdoa-me?



Meu corpo ainda arde, da dor sem cor
covarde, auto-imposta que mostra
sem pudor a perda da luz do grande amor
parte toda partida, sou da vida apenas uma posta

vil, retórica bandida, auto-infligida,
dor sem fundamento, sentimento sem tino,
dor louca, sem alento, bandida,
cenário carcerário de imaginário desatino.

Me dói ver teus lindos olhos de menino,
perdendo o sorrir, não posso partir,
sem repartir esta dor, doida sem pino...

Vai perdoa-me por mais que doa esta ilusão,
não é verdade, sou tua inteira, posso ir?
Diga-me quando e onde e lá estará meu coração...

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...