8.28.2009

Tu que me deixas...

Foi a primeira voz,
na primeira saudação,
que me brotou no coração,
me fez foz, vento, moção,
letras, voraz coração...

Meu forte, meu lorde,
minha impossível sorte,
meu dragão intocável do norte,
meu amor que vem além da morte.

Te vejo em luzidias
imagens escorregadias,
que não consigo alcançar,
me afundo quando mais tento
mais infeliz é todo intento
de te aproximar,
te vejo afastar, sem querer,
queria te agradar,
para não te perder,
mas vais e não vens,
me vejo sem ninguém
querendo disfarçar,
o sentimento de desdém
que me invade sem parar...

Cálice triste, sanguineo e tinto,
já nem vejo, nem pressinto,
apenas prescindo de ti...

Já nem te vais, pois não mais vens,
não sou ninguém e não te minto,
é verdade o que sinto,
embora não te pareça,
se transmute e para ti feneça,
verde alucinação,
trespassando meu coração
pedra sem emoção,
de açúcar no absinto.

Penso em ti não mais te sinto,
Porque que ainda me minto?
Não deixes ir meu amor,
minha cor, meu mundo futuro que pressinto,
e não prescindo, em ti...

Meu mestre

Meu amor amado,
sempre lindo,
sempre vindo,
nunca findo...
Acordar a noite
ao teu lado,
sonhos, lindos,
mundo realizado.
Meu mágico,meu dono,
meu povoador do sono,
meu ludo,
do nada me fazes tudo.
Sou tua, inteira,
tua de todas, escolhida,
sou tua mulher preferida.

Por ti falo,
me das voz,
me pões na foz
desse rio
Me tiras da alma o frio
És tu meu mago padrinho,
que me pões a andar no caminho...

Sou artista...

Sou artista, meu afeto é turista,
pois meu corpo altruista,
generoso em desejo.

Passeia, gorgeia,
te janta na ceia,
antes do cortejo,
por entre o espaço.

(De sobremesa, teu doce abraço?)


Não!!! Não te desfaço.
Eu digo o que faço
e faço porque tenho espaço.

(Posso deixar o meu traço?)

Faço, me entrelaço,
grito, não disfarço,
pois sou assim.
Tenho este compasso
em mim.

E somos assim,
incongruentes, enfim,
horários marcados para o fim...

Grande abraço, me despeço e te enrolo com um laço...
fino, frouxo e frágil, espero que sejas bem ágil...

Tempo

Tempo voraz movimento
inclemente nau de momento
de um em um empurra como vento
tempo tempo
constante do movimento
passa um passam mil
e tu sempre
com teu fornecimento
tempo traz junto
o envelhecimento
conhecimento
único e certo remédio
para o sorimento
alimenta tédio
o estagnado acontecimento
tempo
se feliz és rápido
veloz corrimento
se triste lerdo jumento
lesma lenta no sofrimento
tempo
tempo
potente gás
da fornalha do movimento.

coração agonizante

Redução reducionista,
corpo inerte na pista,
atropelado, estatelado,
cuspido escarrado,
coração atropelado...
nu, pelado, fadado,
estropiado,
coração picado,
auto-mutilado,
desnorteado,
fingindo de tingido,
de não dor,
de pecado,
mas ainda,
vivo, relutante,
esmagado,
esperançoso,
expectante,
atropelado...

Por ti meu amor mutilado, amputado, por mim,ser errante, errado...

Volta, desculpa, só um momento reluta, pensa e perdoa
a arguta, essa triste gruta que múltiplica o equivocado pecado de achar que não mereço estar a teu lado.Da-me de novo a mão, aceita meu coração louco, pouco e apaixonado... no meio da pista postado, sonhando em estar a seu lado...Meu lorde que foge do meu pecado: ter-te tido e não ter acreditado...

Hiroshima Pessoal

Tudo passa até a Hiroshima pessoal,
foi um fim, me desculpe, não foi por mal,
o mundo acabar em cogumelo fatal.

Psicodélico, irreal foi este o final,
imaginado, triste, surreal,
apocalipse pessoal.

Mas, calcinados por cogumelo fractal,
Os neurônios seqüelados passam mal,
vomitam incoerentes o veneno
vomitam os líquidos que lhes fazem mal.

Mas porque plantei entes demônios no teu quintal?
Plantei pensando que eram flores, mas não do mal...

Talvez

A languidez solstícia primaveril e sensual,
me invade com o vento, o sol e o sal,
ontem foi tormento, dia triste surreal,
hoje levou o vento a terra e o movimento,
para o mesmo porto, aportou novamente a nau.

Seria um novo início, propício e natural?
Ou apenas outro novo pricipício
negra fossa, fossa abissal

Te sinto, mas não mais pressinto,
um momento de conjunção carnal,
talvez se pare o vento
e no Brasil não tenha carnaval.

Talvez siga o lamento,
repetido tormento, rima banal,
talvez seja puro amor, ( meio estranho,
anormal).

Talvez, talvez, talvez...
eu deixe passar minha vez,
recupere de novo a cor da minha tez,
faça tudo, eu fale,eu me cale em bom português,
filosofe em alemão e até em francês,
Talvez quisá, talvez, acabem os porquês!!!!

8.23.2009

Pequena fresta entre nós.

Pela pequena fresta,
esta fenestra ,
luzidia em minha testa,
deixa-me ver
o futuro.
Me vês e crês que existo,
enquanto ainda exito
em cima do muro.
Pulo, mesmo no escuro,
entro pela janela,
vejo dois corpos,
duas almas,
dois copos,
as mãos unidas em palmas,
sobre os lençóis dos desejos,
desenrolando embrulho de beijos
pacotes cheios de afeto
nossas almas unidas
flutuando, se amando,
sob o mesmo teto,
longe das intranqüilas,
filas e mais filas
de pessoas com triste coração,
perdidas nesse cinza mundo,
triste poço sem fundo,
chamado solidão.

Perda sentida...

Escorrias, como fino líquido não bebido,
entre os dedos de minhas mãos em medo.
Eu corria em desespero, choro e destempero
por não haver percebido o tempo ido
por não ter sentido teu doce aconchego.

A diastase imposta pela distorcida resposta
da auto imagem torcida, retorcida, re-posta,
tosca amostra do meu verdadeiro eu.

Mas já é tarde, perdida viagem,
nem eu tua, nem tu meu, apenas ausência
insone de Morpheu, resultando triste Orpheu,
só flor murcha que antes morta, não floresceu.

Rasgada passagem por minha vida,
agora já esquecida, não mais vinda, só ida
restando só, eu em fera, triste e ferida.

(Universo, me manda um potente verso,
que possa o tempo te voltar!!!
Que possa te dizer o quanto poderia
te amar.
Me dá, te imploro, por mais um segundo,
a ilusão de te ser querida, de pertencer ao teu mundo.
Perdão!!! Perdão!! segura minha mão e não solta!!!
Trás-me a esperança de volta!!! Vence com amor minha revolta!!!)

Mas,me fui sem nunca ter ido, sem ter-te
sem ter um dia tido, a chance de ver-te
vertido em jorro de afeto, desmedido,
sentir teu calor povoando minha libido.

(Então parto-me sem nunca ter-te compartido!!!)

Eu, burra vítima de loucura em insana procura,
para a cura do vício de procurar hospício,
para a habilidade de achar espinho propício,
para por um fim antes do teu ponderado início

Irei perder-te nesse triturado turbilhão?
Irei perder-te, essa única chance em um milhão?

8.20.2009

Um dia após outro dia...

Na bonanza precedida por temporais,
ou em calmarias que circundam os em corais,
a alma passeia resfetela, se refaz
observa a absorta esfera que se desfaz.

E se perde em sensação extasiante,
frente a aquarela exuberante e externa
abre os olhar a alma pobre, que hiberna
dispertando em natureza inebriante.

no vôo belo do falcão mesmo distante
ou no dragão em uma núvem de instante
se desfazendo ao movimento transladante.

e mais uma volta do planeta viajante
salva a alma de um livro na estante,
dormindo agora no colo da mãe gigante.

8.19.2009

Da inspiração fugidia

As vezes no teu ato me vejo em solfejo
a vezes te vejo e te cato, ali perto.
as vezes é rato louco que fala de queijo
as vezes é gotejo de afeto no teto.

As vezes é luz partindo o concreto,
Substrado abstrato, ou seria objeto?.
Sentimento contido, tido como discreto.
Sentimento inexato que da alma ejeto!

Como faço o processo já escasso?
criação já não me tenho em espaço,
coração já traçado estilhaçado por um traço


seriam, não mais serão, meu laço?
já os deixo, duros seixos em estilhaço,
Mando-lhes um beijo, em um grande e sínico abraço

que distante se mantenha cego errante
que teu luto não dure mais que um instante.




fonemas, centenas, de sentimentos
poemas, com temas diversos momentos,
sofridos vividos escritos nos ventos

poemas és tu além da voz dos sentimentos?

tua leitura

soneto torto

Não entendo porque te lendo,
acabo me vendo sendo sendida,
aberta, remexida, mesmo não tendo
aberta, contígua purulenta ferida.

Mas sinto uma repulsa, que pulsa,
mas anima, me inspira ao reverso
me dá inpiração, ação avulsa,
insensata mão, escriba em verso.

Que procura, insana cura cega,
para a doença que não se nega
a adoecer, quem vive na solidão.

vai corrói me escasso coração
me tira, me puxa pela mão,
desta insana luta casta que não chega
somos em nossos beijos viruais
estranhso rituais
que se perpetuam
atores que atuam
em cego palco...
vestidos de tristeza
e talco
para amenizar o conflito,
loucos por atrito
mas no momento,
possível só
um louco e mudo grito....
preso contrifto,
na garaganta
que muda se levanta
e gesticula, articula
palavras inaudíveis
sussurrada
por bocas impossíveis
segreod
segredos...degrdos
distantes do corpo
mas perto da alma...
registrado no destino,
escrito na palma
da minha mão
cantado em cada batida
do meu coração...

8.18.2009

Conversa com a alma

Porque me gasto em redemoinho casto
de decência forçada, amargo pasto,
onde me posto, me mostro, nua postada,
meia mulher negra, vestida, negada.

Meu pequeno cubículo de segredo
meu sereno currículo sem medo
serias tu meu veneno, meu fim, ledo,
serias tu meu ameno sopro de degredo.

Que te definas, pois minh'alma definha
que te termines, pois minh'alma caminha
e não espera, tem pressa, aflita berra.

Anda, vai em frente, chega ser dormente!!!
Te levanta, te olha, te enxerga,
Vês de uma vez a luz que tua alma enverga.

Amor ruim

Quando leio tenho até receio
pois tua métrica, férrica arrebenta,
minha lenta e analítica cabeça,
(já crítica em uma terça)
talvez um dia te esqueça
talvez saibas que sei que te irrito
talvez saibas que sei que te grito
quando sussurro ouves um urro?
quando te afago quase te afogo?
quando te trago quase te evaporo?
Porque então me apavoro
se este amor é irreal?
Porque me ponho a suar por cada poro
esse amor triste, insano, surreal que insiste?
Por que és assim:
mais forte que eu amor ruim!!!!!

soneto torto

Não entendo porque te lendo,
acabo me vendo sendo sendida,
aberta, remexida, mesmo não tendo
aberta, contígua purulenta ferida.

Mas sinto uma repulsa, que pulsa,
mas anima, me inspira ao reverso
me dá inpiração, ação avulsa,
insensata mão, escriba em verso.

Que procura, insana cura cega,
para a doença que não se nega
a adoecer, quem vive na solidão.

vai corrói me escasso coração
me tira, me puxa pela mão,
desta insana luta casta que não chega.

Seria?

Sinto o repelir de uma vontade, em grito,
sinto o insone sopro do vento indeciso,
sinto o inciso de teu verbo, incisivo,
patente, em meu esotérico espírito.


Seria isto apenas uma semente na vala,
Brotando da negrura úmida da terra?
Será que se enterra no verbo que fala?
Será que cala minha boca que berra?

Seria uma tala, uma prótese qualquer?
ou apenas uma mala, onde cabe uma mulher?
seria uma vala, comum, interna?

Onde se enterra a mulher que fala,
que escreve conscrita, triste hiberna,
nestá ibérica península feérica.

8.15.2009

Bem fundamentado, tudo se justifica...

into-me flutuar a dez metros sobre teu leito. Vejo-te dormir, as pernas espalhadas, joelho esquerdo fletido, de bruços, tranqüilo, o sono dos justos. Não passa por um milésio de segundo na tua cabeça, o universo de sentimentos e desdobramentos que tua despreocupação causou. Não passa sequer perto da fronte um pensamento a respeito dos universos particulares que tua negligência precipitou o apocalipse. Afinal que culpa tens tu? Quem foi que quis que este ser adoecesse? Quem foi que escolheu e contratou o corpo clínico deste nosocômio? Fostes tu? Não, portanto não tens nada a ver com isso. Porque Simmel fala prosopopéias como "A morte de um homem me diminui, pois faço parte do gênero humano", não quer dizer que seja veradeiro? Seria? Afinal, o que é mais um ser humano perante aos bilhões que há na terra. Se pensares bem, verás que és um homem bom, ecologicamente correto, contribues para o controle da superpopulação na terra. Então, porque estes injustos te acusam de negligência? Não és Deus (embora bem parecido), não podes estar em dois lugares ao mesmo tempo, e, como diria ,Einstein, um grande sábio, "O tempo é relativo", portanto aquela hora que te demorastes com tua mais nova conquista, que atrasou a intervenção, não é mais que meia hora ou dez minutos, pois, não foi tão bom assim aquele corpo. Então entendo porque dormes tranqüilo, afinal, em uma simples manhã, contribuistes para prevenção da super população na terra, desconfirmastes a prosopéia melódica de um sociológo alemão ímpar perdido nas escolas acadêmicas e ainda por cima, confirmastes a relatividade do tempo (uma cópula de uma hora não é nada, dez minutos de hemorragia é uma vida) além do mais, fundamentado pela sabedoria popular de um "matador nordestino" : " Não mato não, só faço o furo, quem mata é Deus", fostes agente da vontade divina, além de livre pensador és um místico!
Olhando novamente por cima de teu telhado, te vejo absorto em sono de homem sábio e justo. Semi coberto por lençóis de linho puro, velado por anel de ouro e esmeralda, embebido na genialidade quase santa, adquirida a bom preço nas escolas pagas do mundo. Porque não gozarias o sono dos justo? Afinal o próprio Deus outorgou-te estes poderes por procuração (ou seria seu secretário que usa roupa vermelha?).

Dorme homem justo, aproveita tuas prerrogativas de semi-Deus, muito bem fudamentadas na hipocrisia violenta, velada, vil e cega do mundo contemporâneo.

O crítico sensato.

le entrou no bar, e viu, já ébrio, o jovem poeta, tonto, ainda sobre o efeito da meia-garrafa de ego que havia bebido. O crítico então prestou atenção em suas mãos trêmulas e compulsivas, escrevendo quase que sofrendo, as confusas emoções que vinham de sua alma. O crítico, curioso com o frenezi do jovem poeta, pegou um texto que havia caído no chão, e, com a pretensão de ajudar-lhe, juntou o mesmo do chão, e devolveu-lhe. Não sem antes dar uma rápida lida (apenas para afagar a curiosidade).
Nos poucos versos que leu viu: figuras de linguagem, disgreções criativas, pensamentos originais, transcendência, estética, musicalidade e conteúdo. Porém, tudo em anárquica dança. Alguns escritos entrópicos cheios de energia e desorganização, com idéias, porém debatendo-se entre si a meio as observações pessoais tidas como originais e próprias. Reconhecia postulados já dissecados por antigos pensadores, colocados como pessoais pelo poeta diletante inculto que, ignorantemente, as achava próprias por desconhecer as letras dos grandes pensadores.
O crítico pensou: "Eis um criativo, pena que ébrio de seu ego". Devolveu a página ao jovem compulsivo poeta ignorante, subiu as escadas até seu quarto, e trouxe uma garrafa.
Sentou-se ao lado do jovem poeta:
-Permita-me dividir este nectar com o amigo?
Creio que te agradará, é antigo, amadurecido ao sabor do tempo, mas mesmo por isso eterno e revolucionário. Prove deste Baudelaire. Me digas o que achas?
O jovem poeta meio perplexo, estava já habituado com a embriaguez e ressaca do próprio ego, cedeu, até um pouco por pena e educação.
-Pois não senhor, afinal o que me custa?
Levou o cálice cheio de poesia ultrapassada do século retrazado à boca. Sentiu descer-lhe pela garganta o néctar do mais puro simbolismo.
O jovem poeta não disse nada, parou de escrever por um minuto enquanto seu olhos brilhavam com a nova experiência literária inebriante.
Então o crítico pensou: "Fiz meu trabalho, por hora... devo ter em algum local outra garrafa de Rimbauld ou Camilo Peçanha..."

O crítico compassivo.

O velho poeta passeava incauto pela noite insone, quando é interpelado por ele, um poeminha, simplório e alegrinho, sem muita metáfora, nem muito conteúdo. Uma simplória e frouxa rede de palavras pouco assemelhadas, falando de sentimentos corriqueiros na primeira pessoa. Pontuado de forma surreal, cheio de cicatrizes em diminutivo forçando rimas, era até "bonitinho", embora desforme, oco e sorridente.
Ele não sabia se sentia repulsa, dó ou simplismente pena, do poeminha impertinente desfilando na noite insone. Realmente, era uma figurinha, uma figurinha de linguagem.
Perguntou então o poeminha.
- Velho poeta, me diga uma coisa, como posso um dia crescer e me transformar em um poema bonito, lindo, fortemente embebido de emoções e razões, um poema que fale sobre filosofia, amor e universo?
O velho poeta, se sensibilizou, com o desejo e ânsia do pequeno inestético poema, refletiu algum tempo e respondeu.
-Meu caro e pequeno poema "bonitinho", nunca crescerás tu a ponto de seres um destes que anseias, mas, deves saber, que o poeta que te foi pai, com certeza depois de ti se tornou um ser um pouco mais feliz, e isto te faz um ser cheio de luz, irradiada pelo coração aflito ou enlevado de uma alma poética que te fez de filho. Portanto a tua pequenez estética agranda a luz da alma do planeta, fazendo um ser humano feliz, e nisto reside a tua grande luz e beleza, portanto desta forma te elogio, poeminha catársico filho de um poeta diletante, que decidiu sair da estante, e ser seu próprio arauto.
- O poeminha saiu feliz, saltitante, falando de seus sentimentos no diminutivo, com a certeza de ter seu lugar no mundo.
E assim o velho poeta saiu com seu manto de letras e sua vara mágica de sabedoria e compaixão, feliz na noite, na certeza de ter tornado "um" mundo melhor.

Roteiro de uma reconciliação.

epois de tu teres saído com portas batidas da minha casa, sinto minha alma aos pedaços, cacos de gente espalhados por toda casa, um montinho ali ao lado das rosas que chegaram atrasadas no meu aniversário e só sobraram delas espinhos. Aos poucos me ergo do sofá e ereta ando pela casa com um cigarro "semi-aceso" na boca ( que tu tanto odeias ), mas que importa, vou fumar, não vou mais te beijar mesmo, tudo acabado. Percorro em marcha ré na minha cabeça essa estrada chamada de "nossa vida", estrada esta agora interditada, interompida, toda nossa torta trajetória. Vivo ao avesso toda a nossa história, como mostram nos filmes perto da hora da morte, mas é a morte!( seria ela com um pouco de sorte, mas hoje quem morre é só uma parte de mim, a parte que te amava).
E começo a antecipar essa dor, a dor da ausência do teu cheiro ao meu lado no travesseiro, a dor de chegar ao banheiro e não ver resquícios líquidos da tua presença, dor doída de ouvir uma música e imaginar que irias gostar e não poder te ver em êxtase ouvi-la. Dor de ausência de todas as imperfeições, de todas as tuas faces, desde o anjo até o monstro peludo azul. Dor de não me sentir mais excluida do teu exclusivo mundo particular,( até a exclusão é melhor que a ausência dele). O vazio, a cada minuto da tua ausência antecipada me invade, me tornando uma boneca de fina porcelana, com faces anêmicas pintadas de vermelho choro. Minha cabeça dói, os olho se estreitam e me pesa a cabeça sobre a alma. Começo a imaginar não mais poder te tocar, entrar num mesmo bar e sermos estranhos, não mais nos tocarmos com intimidade dos amantes apaixonados, nem nos sacolejarmos epiléticos ao som de Angus Young.
Ainda ecoa em minha cabeça como diapasão feito de fel o som da porta atrás da tua fúria, e porque? Qual causa? Nada, um atraso, um mau-caso, por isso é pior que acaso, um vivência de desvalia e sofrimento repetida por mim como papagaia louca crocitando as mesmas dores cotidianas. Como permito que te vás?. Meu peito aperta e sinto ele esmigalhar, a simples vivência em pensamento de um inexorável "nunca mais" me esmigalha a alma.
Olho para tudo em busca de um resquício de ausência de ti, em vão, estás em tudo, em cada canto da minha casa, da minha alma do meu corpo. Ai meu corpo, não me lembres dele, queria poder esquecê-lo, queria encerrar ele na gaveta embaixo das calcinhas, embaixo das meias velhas nunca mais usadas. Mas ele grita, clama e se inflama abstinente de ti. Me lembra ele, aos gritos, da tua soberba boca, grossa carnuda e macia com que sugavas meu peito qual recém nato sequioso, ai boca...Que me sussurra segredos indecentes nas madrugadas insones para me despertar e te ajudar a dormir depois da exaustão do sexo. Ai saudade da tua boca!!! Tua boca a deslizar pelo meu pescoço carregando teus dentes até minha nuca, onde a mordiscavas como se fosse prosaico petisco, quero ela agora aqui!!!! Bem no meio das minhas pernas a matar a sede de mulher que tanto tens (e sei que só eu sacio), como se fosse límpida e clara água cristalina da fonte, ai boca...casa da língua que me viola todos os orifícos do meu corpo e da minha alma, que me invade em carne e palavras sussurradas em meus ouvidos mocos. Me lembro das mãos, fortes mãos de homem, que prendem meus seios quando me defloras por trás, alças de meu corpo que usas nos levas-e-trás de teus movimentos. Movimentos violentos que me rasgam de prazer, mãos que reduzem minhas coxas dentro de tuas palmas, de tão tamanha que é a gana que pegas para me virares e me usares conforme teu gosto, ( pois meu gosto é te ver gostar) ser tua, te ver delirar, te divertir com meus mamilos entre teu dedos, entre teus dentes.Como meus olhos imploram para olhar novamente estes olhos enviesados me olhando de esguelha observando o meu prazer, sinto saudade do teu zelo relativo ao meu goso, da tua generosidade em sacrificar a pronta satisfação do teu prazer em prol da multiplicação do meu.
Tudo em mim é nada, tudo em mim é tudo de ti. Me toco e sinto nada, minha vagina vazia clama por ti pelo teu membro impávido, que me completa inteiramente como nunca ninguém antes me completou, pode-se dizer que antes de ti nada existiu, nada valeu a pena antes de ti.
Mais forte que eu é meu corpo, que abre a porta e sai em busca do eco dos teus passos escada a baixo... Vôo pelos degraus em desabalada carreira como se os quatro cavaleiros do apocalípse estivessem em meu encalço( E não estão? Eu sem ti é meu apocalipse pessoal). Tropeço em tua sombra no vão da escada, ela de cabeça baixa sentada em dúvida, agrandada pela incidência do céu do poente da tua alma ( agora azul). Nem penso é reflexo, em mudo, surdo e cego movimento vôo sobre ti ali na escada. Surpreso pulas, tentas murmurar alguma palavra, te calo, te calo com minha boca, engulo todas elas, todas as palavras, todos os porquês com todos os tipos de acentos, engulo, degluto e gesto um novo horizonte sem palavras neste instante, mas agora ainda mudo em gesto de amor agoniado, reconcilhado e vibrante. Te empurro por sobre a escada, (nunca uma cama nos foi tão confortável em toda a " nossa vida"). Se fechar os olhos vejo, a luz filtrada do velho vidro martelado colorido da porta antiga do prédio, a banhar nossos corpos manchados de lágrimas loucas, filhas paridas das neuroses, que agora voltam para o centro do corpo para umedecer nossas mucosas ardentes. Me arrancas as roupas de baixo, como se fossem feitas de papel crepom, e sem muitas delongas me trespassas com teu falo ereto tal qual lança de guerreiro celta, louco, insano e mágico, tingido-me toda deste nosso amor reencontrado no último degrau da escada, onde nua me posto a teu gosto para fazeres de mim "O amor da tua vida", conforme tua graça e gosto, nos unindo em um único ser vibrante completo gerado em conclusão orgásmica conjunta espargida em gemidos sentidos, dilacerantes do amor e do medo.
E assim nos saciamos de nós mesmos, espelhos de nossos amores, dores e desejos, e voltamos a ser nós, enfim nosso único e total desejo.
( subimos escada a cima, voltamos à nossa cama, nos abraçamos e choramos a alegria do reeencontro e com uma doce, meiga e prazerosa sinfonia de corpos nos amamos como se essa fosse nossa única e possível vez, depois dormimos exaustos, tu com a mão por cima do meu corpo nu, e eu vestida de ti.)

O crítico destrutivo.

Então ele abriu seu grandes olhos de escuridão, vomitou suas conjuradas prosopopéias pseudo-filosóficas, superficiais e desagregadas, após sorriu. "Não és intelegível aos reles mortais, apenas aos Deuses" lhe sussurrava o inflado ego ao segurar-lhe a testa enquanto vomitava seus velados impropérios disfarçados de conteúdo. E, absorto, ficou observando os restos semi digeridos de filosofia e história espalhados em pedaços umidificados pelas secreções do estômago de seus escassos leitores, atônitos e aflitos. Olhava, com certo orgulho de pai, o rebento, o vômito fétido, escuro e bilioso de seu cérebro em confusão, frustração e inconsciência (da confusão e frustração!)
Dizia na sopa de letrinha regurgitada, "Aqui jaz o grande ego de um pequeno escritor".

Incoercível destino

Queria
ser bebida
ser refrescante.
Sedendo a sede
calcinante
que assola todos
nós.

Que nos esmaga,
mós de moinhos,
que nos apertam como
cós, e colarinhos.

Necessários
artifícios
de proletários
ofícios
na arte de ser.

Queria tanto
poder viver,
crescer,
convencer
sem submeter,
não mais trair,
ser,
quem quero
ser,
não mais,
perdida no cais
do querer,
no mar do ter de ser,
do eterno,
inferno,
de terno
e conhecer...

Mudar o mundo em um segundo.

Queria parar o mundo,
só por um segundo,
e ter um pensamento bem forte.

Parar o tempo
e exterminar a morte.
Estabelecer como lei
a boa sorte.
Todo o fraco
viraria forte.

E a tristeza?
Ora, com certeza,
ficará trancada
em um cofre-forte,

Arrependimento da língua solta.

Olho no olho
olhar.

Corpo no corpo
copular

Alma na alma amar.

Sentir sem ser, nem ter,
nem ver, nem viver
só sonhar.
poetar!!!

DISGRESSÕES

Olho no olho
olhar.

Corpo no corpo
copular

Alma na alma amar.

Sentir sem ser, nem ter,
nem ver, nem viver
só sonhar.
poetar!!!

Da vida que se esvai antes do tempo.

Momento de revolta,
sempre volta,
nunca fenece.

Memória anímica
que com mímica
me fala, não esquece.

Tatuada em mim,
em prece,
que não cala
nem esmorece.

Luta,
Não te tornes bruta!!!
Nem te escondas,
na gruta,
do conhecimento
que justifica
tudo que acontece.

( E nessa a Ética fenece, enterrada à sete palmos de folhas mortas de tratados que se compra na internet)







Da revolta da hipocrisia justificando a vilania com ciência, refrigerando a consciência dos negligentes,
como se fosse fresco refrigerante vulgar, bebido por toda a gente, em qualquer lugar.
Não, eu não!!! Não me escondo nesta gruta.Sou poeta,diferente desta gente ( F.D.P ).

Enquanto forem humanos.

Viverei mil anos,
e enquanto os seres forem humanos,
sentirei.

Sentirei o olhar
de desespero
antes do último
suspiro.

Sentirei na minha própria carne
a falta de cor,
de sopro que fale,
de pulso que não cale.

Sentirei a dor do ser nu,
sem pudor,
que confiante se entrega
crendo incondicionalmente
na cura urgente.


Sentirei se esvaindo,
sumindo,
como se fosse em mim.

A miríade de possibilidades
encerradas, enfim,
deste ser,
que não vive mais,
que chegou ao fim.

Que prematuro diz adeus,
deixando como rastro
o escuro, duro e imponderável
"viver sem a luz dos olhos teus".

Secura

eco,
é meu peito,
já não brota emoção.

Seco é o beco,
confortável
da inconsciência.

Deserto morto,
seco,
esterco,
chamado ciência.

Recozido com paciência
pelos homens de analítica
sapiência.

(Me digam onde foi parar o ser humano? Saiu pelo ralo? Entrou por um cano? Não!!!! Está em algum comercial,
personificado, santificado como herói nacional, chutando uma bola no campeonato mundial).



Meu protesto ao cartesianismo desumano da sociedade comtemporânea , onde Doutos em medicina, desfraldam a bandeira do movimento da Humanização. Se a medicina necessita ser humanizada, qual seria o atual estado dela? Animalizada? Bestializada? Mecanificada?
Que Deus me de Saúde e uma morte breve. E me de a permissão para deste mundo eu fazer uma greve.
Deixa-lo só, meditando, por um momento, nem que breve.

8.11.2009

Não aprendo...mesmo, me ardendo

Eu não aprendo
repito, replico,
suplico, sacrifico,
me rendo.
Não aprendo
sigo sofrendo.

Não, não, aprendo,
entendo,
compreendo,
surpreendo,
imendo,
faço de tudo,
mesmo sofrendo,
mas não aprendo.

Porque me prendo
mesmo não querendo,
por que te amo
mesmo não
te vivendo.

Que ando comigo fazendo?

Porque me sendo,
e não me ascendo,
porque ascendo,
mesmo não sendo
alpinista.

Porque? Porque turista?
nesse afeto
atropelado
no meio da pista,
morrendo no alto do concreto
(futurista amor
incerto).

Porque inseto
que voa à luz,
depois explode
e conduz
a eternidade...
essa vida sem idade
que me seduz
(e torço que seja verdade)

Porque seguimento
proposta e tormento
na mesma aposta
de sentimento?

Porque? Porque?
Momento, tormento
irrompendo
a alma?

(Porque isso me tira tanto a calma?????!!!!)

Não compreendo,
nem lendo na palma
da mão
o destino,
aluzão a este
desatino
ilusão,
vaticino.

Não raciocino,
já perdi o tino,
o tecto do tegumento,
dinheiro e alento,
vivendo ,
sem perspectiva
sem sustento
(não me posso
não me aguento...)

Porque azia cinza cimento
porque luzidia luz de momento...
pisca amor
mas tinta
sofrimento...

Não, não aprendo,
sigo te amando
mesmo tu não me correspondendo.

Cansaço mental...

Apenas me resta o cansaço.
O pastoso sentimento lento,
inelástico, estático e
tenso.
O que penso vôa lento
pelo espaço.
Escasso traço
de momento lúcido,
nada lúdico, rústico
pensamento.
Tenso de sobrevivência,
contando miligrama
em transparência,
no êmbulo que a vida me
empurra, violenta e
sem paciência,
a dose de insônia (homônima
da demência)
calcinando de cansaço o meu
cérebro em ciência.

Eu criança...

ão bom...
viver em qualquer tom,
dançar com qualquer som
atravessar a rua pela mão,
prestar atenção
na formiga,
comer doce até doer a barriga.

Dizer
que a porta foi "abrida"
e no joelho
ter ferida.

Fazer na parede arte
(e na mãe um enfarte!!!)

Pensar sem pestanejar,
que cachorro
fala e não
que não late,
comer um morro
de chocolate.
(e depois fazer
líquidas esculturas
cor de abacate).

Querer
espirrar
e tremer o boca,
sair na rua de touca
(para não pegar frio),
devolver um peixe para o rio
e chorar,
por medo de se perder
no mar.

Ter certeza que a água vai acabar
ver beleza em tudo, até no ar...

só viver (sem pensar)
nem conjugar o verbo amar.

Ser alegria, ser festa,
olhar o mundo por uma fresta
e sorrir.

Sonhar em nunca ter que se despedir
partir, crescer,
se espedaçar...

"Ser" criança,
és o ser, a esperança
afeição e fiança
chave da nave
que transita
nesta esquisita
galáxia,
axial e fantástica
elástica nebulosa "lar".

eternamente e expansão...

A beleza que atrai o olhar que trai.

Amor traído
pelo vidro
da janela.

"Porque sempre há uma mais bela?"

E sentada ao lado,
uma mais fera...
Queria parar o mundo,
só por um segundo,
e ter um pensamento bem forte.

Pararia o tempo
e exterminaria a morte.
Estabeleceria como lei
a boa sorte.
Todo o fraco
viraria forte.

E a tristeza?
Ora, com certeza,
ficaria trancada
em um cofre-forte,

Nós...apertados...louco,alucinados, incoerentes e senescentes.

Bala,
guiada,
perfurou
meu precórdio,
escorregando ódio e fel,
só sobrando,
por ti
o mel,
o pesar do anel,
e a imensidão
solitária do céu,
negro
sem lua.
Insone noite
que me consome
ilusão.
Alusão,
eterna, interna,
poética embora cética,
à vontade de
ser
tua,
quiçá
terna...
quiçá
nua
de loucura
(e assim factível...)

Cansaço emocional

Insana
humana
sensação.

Espedaçado
pedaço.
Coração no chão.

Trôpego passo,
Cansaço.
Escasso
traço,
esfumaço
de
ti,
segurando
minha mão....

8.09.2009

viagem de volta

Roda
circula,
volta, articula,
conta
cronometa,
corre.

Chego
na meta,
que escorre
tempo.

corro, corro,
quase morro,
cansaço.

Preso no braço,
no balanço.
(canso, como canso)

Mas me amanso,
falta um só passo,

Chego na casa
depois de rodar
com asa,
o espaço.

ônibus.

será que é ele?
(é da mesma cor!)

será ele?
(meu pé já em dor)

será ele?
(que seja por favor!!!)

será ele?
(meu dragão de cor)

me leva
me livra
da rua
sem cor

me mostra meu jardim,
meu descanço,
meu amor.
Olho
a rua
fora.

cinza
urbana
aurora.

sonolenta
gente
acorda

orda
de gente
pingente

pingando
pela cidade a fora.

GENTE ANDANDO

roda
a roda
e acomoda
a gente.

pindurada
pingente
encostada
ardente

Preocupada gente
pingente:
chegarei
a meu destino
urgente?

rua

Cinza nua
rua
atua
no palco noite.

iluminada
lua
refletida
partida nua.

na janela
do
dragão
que me carrega
e flutua.

um cordel de emoção
a cada parada tua.

8.08.2009

Nós...apertado cós...

queria a como queria
ser cheia e não vazia
para poder me esvaziar
e encher
de vida
quem precisar.

Queria poder
tudo
queria tudo poder
para fazer com que meus amigos
nunca venham a padecer.


(e meus inimigos
crescerem ao me ver crescer)

queria se sorvimento
ser sorvida a cada
instante
queria ser livro aberto,
voando perto do teto
da mente fascinante
queria não ser amante,
sim estrela estaxiante
nunca esquecida
na estante
da tua mente
desolada.
queria falar,
não ser calada,
queria te acalentar,
cantar e se cantada
queria te amar,
morna, monga,
morgada,
molhada e distante.
Mas sou
mulher jogada,
fora
agora nem mais na estante,
estandarte
da arte,
já passada
distante...
ai tristeza, insatisfação,
minha alma delirante...

( será que não aprendo, ainda não sofri bastante ?)

queria
ser bebida
e ser refrescante
sedendo a sede
calcinante
que assola todos
nós

que nos esmaga
como mós de moinhos,
que nos aperta como
cós, e colarinhos

necessários
artíficio
de proletários
ofícios
na arte de ser.

Queria tanto
poder viver,
crescer,
convencer
sem submeter,
trair,
ser,
quem não quero
ser,
um eterno,
inferno,
de terno
e conhecer.

Me deixe só

Cara amiga, não sou de briga,
me sinto em nó,
moido em pó...

me deixe sozinho
com meu sonho de menino,
aqui em meu triste ninho...

vizinho da violência
me deixem só...
por pura sobrevivência

Mas tu, só tu,
te deixo me ver
por um pouco de transparência.

Mesmo porque,
num clic,
me livro de ti,
como um livro na cabeça
que não escrevi...

8.05.2009

Sou intensidade!!!

Sou intensidade,
momento de pico ápice,
bebo a vida agora,
tudo, entorno o cálice.

um segundo me é uma hora,
vivo diferente da velocidade la fora,

sou muito, muito veloz...

Do som sou grito, alta voz,
instrumento? Sou apito,
o vento criado por nós.

Sou esgotamento
rápido, voraz e atróz.
Por isso as vezes tormento
vivido não só por mim,
por nós.

8.01.2009

Beijos IV


Beijos beijados,
por ti enviados
atirados, grudados
na janela do meu dia,
beijos amigos,
tristonhos
bandidos,
apenas existidos
na minha utopia,
Beijos do além,
que me caem tão bem,
Beijos, beijos,
não fico sem!!!!
Beijos escondidos,
sussurrados, sumidos,
de uma mulher bonita,
beijos melados
grudados,
apertados,
enfeitados com fita,
beijos beijados
vermelhos e alaranjados
vindo enviados
por uma mulher bonita
Beijos, beijos, beijos insanos,
esmagados, desumanos,
curtos e que duram anos,
beijos beijados por debaixo
dos panos,
Beijos com lambida,
com data
e torcida,
dados com gosto,
na boca, no rosto,
no colo e no pescoço,
na minha mulher preferida.

Flores no ventre entre eu e a vertente, poética.


Pétalas caídas
despetaladas,
postadas, em cinza mortalha,
flores em palha,
pequenos resquícios,
do que um dia foram
nossos vícios,
amores e súplicios...
Flores restantes,
ainda vicejantes no ventre,
será que és tu uma pétala morta
ou apenas vidente?
Vai, me conta,
cada pétala,
cada conta que cai,
é um pouco do amor
que se vai, se esvai...
E só resta minha nudeza,
restante,
postada como livro
lido na estante
da tua alma,
como as flores,
espedaçadas,
cinzas espallhadas
no meu ventre
de ti distante,
( mais ainda resta,
uma única pétala em
fresca em festa,
vermelha vicejante,
em crença,
testemunha única
da tua presença,
meu preferido e imortal amante)


http://trovador.files.wordpress.com/2008/02/sensualidade.jpg

Eu criança...


http://mdemulher.abril.com.br/imagem/familia/interna-slideshow/am-fam-649-menina-calca-sapato-da-mae.jpg


Sempre me achei esquisita,
louca, bruxa, vidente, aflita,
Desde criança era estranha,
este sentimento sempre me entranha.

Andava vestida de menino,
subia na igreja e puxava o sino.
caia de árvore,
beijava o primo,
corria livre no campo
em desatino,
vivia em cores,
nunca em branco,
sentia amores,
mas só por encanto,
nunca ficava parada num canto.

Batia na porta,
e corria na rua,
Atirava com força,
pedra na lua.
Era brava, e boa de briga,
mas sempre era uma boa amiga.
Era aquela que sentava
no fundo,
falava, falava,
com todo mundo,
mas sempre bem me saía,
mesmo estudando na correria,
roubava escondida o sapato alto,
fazia corrida até cair o salto,
depois escondia atrás no porão,
para não sentir o peso da mão
da minha mãe me chamando no portão.
-Quem foi que quebrou de novo
o salto do meu sapato novo?

Me perdia vendo o caminho,
morava mais na casa do vizinho,
era criança e era feliz,
minha alma, calma
ainda sem cicatriz.

Mas o tempo vai passando,
o mundo girando,
os olhos fechando,
para as flores do campo
a vida vivida
sem tanto encanto,
Temos que crescer
sobreviver,
se aquecer, se vestir,
comer, multiplicar e morrer...
(Tanta complicação
nessa vida de uma só mão...)

Eu acho que não,
tenho em meu coração
uma certeza,
uma esperança,
que depois de velha,
se importância,
finalmente,
eternamente
volte para infância.

E poder falar bem alto
fui eu quebrei o salto!!!!

( afinal quem bateria em um velha poetisa louca correndo de salto e sem roupa?)

Ressurreição


Embora o dia insistisse
em dormir, cinza de pijama
eu decidi viver
sair da minha cinza cama...

Levantei, me sacudi,
me estiquei, me alonguei,
me resolvi,
Decidi,
que se me fizer de bonita,
quase todo mundo acredita.

Lavei meu cabelo,
pentiei meu pelo,
peguei meu negro
cavalo ( carro)
elameado de barro.

E fui passear pelo mar,
sentir o vento frio me beijar,
ver, ouvir sentir
só em faltou viajar
com os pássaros a migrar.

Me desliguei, respirei,
meditei,
quando vi flutuava,
aos poucos voltava
enfim a viver.

(pois antes resfolegava,
triste ser a sobreviver)

Ainda em mim...


Me dói o braço,
de tanto traço,
de tanta palavra escrita
que minha alma cospe aflita.
Palavra a mil se encadeando,
Palavras sem travas,
me abraçando,
palavras difíceis
e do dia-a-dia,
se transformando em poesia.
( sera que um dia minha cabeça
ficará vazia?)
Já perdi muitos poemas
feitos, só não escritos apenas,
quase perfeitos
que ficaram nos pretéritos
muito mais que perfeitos,
ficaram espalhadas
por toda as moradas.
Poesias choradas,
ridas,
despedaçadas,
bandidas,
doces,
tristes
compunjidas ,
todas elas fugidas
do meu inconsciente,
cético de ser ciente,
abafadas durante decadas
decadentes,
trancadas,
rangendo os dentes,
poemas puros,
outros indecentes,
alguns duros,
outros dormentes,
poemas de tudo,
do falante,
do mudo
e do descontente,
todo tipo de emoção,
todo tipo de vertente,
saem de mim,
docemente...

E isso me acalma
me colore a alma,
me deixa contente...

Então te rogo por favor,
não se vá meu amor,
não me deixe agora,
me acompanhe até o fim,
Minha amada,
poesia em "Mim"...

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...