11.26.2009

Por do sol na ribeira.





Do sol sossobrante da ribeira,
Sento-me só, sento-me à beira,
Penso qual seria eu?
Arbusto ou trepadeira?
Que arquétipo seria meu,
Carvalho ou velha figueira.


 Á brisa refrescante da ribeira,
sinto-me só, sinto-me à beira,
da loucura em tua palavra certeira.
das tuas carìcias que em verso galanteia.

 

Que fruto seria meu?
Maçã  de cobra sorrateira?
Enfeitiçando, atirando ao fogo,
Meu corpo de madeira.


Ao relvado verdejante da ribeira,
Só, nua, sinto-me inteira,
Dispo-me e espremes meu suco,
Em letras, para ti, sou videira.


No úmido hálito da ribeira,
À lua, dou-te minha rosa, brejeira,
Tocas-me e eu retruco,
Em teu corpo sinto-me faceira.


A borda secreta da ribeira,
umedeço-me por ti inteira.
Abro-me, dou-te meu muco,
dando-te à boca o seio-fusco,
que sei que tanto anseias.

 

Sentindo-te  não querer-te
 débil castrado eunuco 
para ter-me por tua, mulher, nua
dando-te em meu ninho a noite inteira.

11.25.2009

A musa desperta para a realidade.

Sinto que o encanto do belo fauno afasta,
o homem que tanto amo, que fácil inflamo,
agasta-me, (quase pressinto uma aura casta).
Choro triste, um sentimento imenso, desumano

Sento à espera numa fria luz que desespera,
o frio cresce, emudece e entristece a alma,
Que faço? Se em letras gasto toda uma era,
Que passo? Tropeço, percalço de mi'nhalma.

Sei que não sou musa apenas imagem de papel,
para ti sempre de blusa, difusa, fractada e irreal,
queria ser profusa boca vertendo versos e mel,
queria ser mulher simplesmente fêmea banal.

Mas não sou nada, nem musa, nem apaixonada,
nem luz, nem sol, nem soneto,nem corpo nu no lençol,
sou imaginada, fria estrofe esquecida, usada,
sou apenas um palavra mal escrita, mal rimada.

Queria ser gente, exalar pungente quente odor,
queria para ti ser uma bela e rara saborosa rosa,
queria dar-te meu copo inteiro com terno amor
outorgar-te minha alma feliz, forte e formosa.

Mas sou letras, esquecidas, tristes, apagadas,
pequenos, tortos e mortos, versos mal rimados,
sou espúrias tristes histórias alhures, mal fadadas,
sou épico insano de poemas loucos, mal-acabados,

Sinto-me triste, humana, ferida, só, esquecida,
sentia-me musa, amada, feliz, flamante, desejada,
hoje sinto-me intrusa, confusa, infame e  desvalida,
Será que ainda vivo, ou foge-me simplesmente a vida?


Devia ter uma lei, divina, severa e universal
"Quem fosse só, ímpar, deveria ser feliz!"
Cumprida, rígida, à risca com pena cruel, fatal
em Portugal, Espanha, Brasil, em qualquer país.

Mas não há lei coibindo a tristeza, bem sei,
só, triste, tornei-me, culta e  amarga mulher,
um rainha incauta num reino de areia sem Rei,
Uma sábia velha e louca  que come versos de colher.

11.22.2009

O muso se foi.

o muso se foi
levando por engano meu corpo de luz.

o muso se foi,
 virei casta monja escondida por negro capuz.

o muso se foi
não deu nem um oi, a poetisa se tinge de pus.

o muso se foi,
montado num boi com destino à cruz..

o muso se foi
foi-se o o muso, acabou-se seu uso.

Amá-lo seia abuso,
apenas ângulo obtuso,
músculo protuso.


O muso se foi
meu corpo de carne arde
color em minha noite tarde.

Saudade  invade,
mas tingida de verde jade
em esperança reluz..

Espero que o muso volte,
que nunca se revolte,
que solte
a poesia louca, vibrante, carmim.

[Apoesia erótica que existe em mim.]

11.17.2009

Tenho a fúria de todas a Fúrias em mim,
também tenho o riso tolo de qualquer Arlequim.

Tenho a beleza das flores do jardim,
também tenho o amargor da erva ruim.

Tenho o calor do fogo intenso, carmim,
também o  gelo alvo de um inverno sem fim.

Tenho o odor do singelo do belo jasmim,
também o fedor ocre podre pastim.

Tenho o sacro-santo manto de um serafim,
também a mais rubro manto não tão santo assim.

Sou qualuquer ser humano, de qualquer folhetin
rumando todo o ano ao destino do fim.

11.16.2009

Nua ao sol

Quente sol dourado aquece,


meu corpo que enrubesce

com tua luz luminar.



Lembra-me que sou corpo

e quiçá também porto

nos "vens-e-vais" deste mar.



Sinto-te sequioso aquecendo

minha derme vai sedendo

ao calor do teu olhar.



Eu, tu e meu coração,

neste meu ninho mansão,

vários quartos onde passear.



Paro por um momento,

saio na areia, adentro,

sozinha a te abraçar.



Sinto-te, sol, por dentro

lambendo meu ser sedento,

de livre viver e cantar.



Dispo-me, torno-me nua

desisto de ser lua,

(melhor meu corpo bronzear).



Nua, sol, deixo-me inteira

perdida tua, lua-sereia,

pérola à borla,à areia,só a ti esperar.



Docemente enrubescer, aquecer,

na mágoa, após, refrescar,

(nua adentro pelo louco amar).



Sentir, exalar, relaxar, seio à beira-mar

sol do lar, cais na orla do par.

(é muito bom ser poeta, nessas horas poetar)



Nua às marcas, pousar, apagar,

frutos das noites de chuva,

do corpo, do meu sonhar.





Trás precisão à minha pele,

morde-me mas não fere-me

(indecisão acaba de acabar).



Mesmo aqui sozinha,

do céu sou a vizinha,

(namoro o sal e o sonhar).



Posto-me inteira despida,

a ti sol oferecida,

inteira a me penetrar.



(quero minhas alvas marcas exterminar).



Beija-me passeia-me e atua,

no meu palco de pele sou tua,

possue-me ao me entregar.



Depois ardente minha pele,

a leve brisa confere

o doce beijo do ar.



E assim sinto-me ao sol...

Desejo feito farol,

iluminando rochedo no meu mar.



(Água do meu insano poetar.)

11.10.2009

Eu só queria um pouco de atenção,
dei-te minha vida,
beijei teu pés,
deitei-me ao chão.

Mas sempre um revés,
te impele ao não.

Não queria nada,
só um pouco de atenção,
um carinho,
sentir-me no ninho,
Um alento para minha solidão.

Dissestes " vou,
já vou,
espera princesa,
meu coração."

O que fizestes:
Tiraste meu sono,
fiquei qual cão sem dono,
procurando migalha
para comer,
no chão...

Amor, amor, perdido, vão...

11.02.2009

Amor inexistente.

És tu meu inexistente amor,
a cura para minha vida sem cor.
Personagem principal do meu sonho,
fuga do meu mundo enfadonho.

Chego a sentir teu tato,
seria este o cenário do último ato,
"O grande amor"
Seria este o epílogo deste conto de dor.

Mas és apenas imaginário,
continuo perdida neste mundo ordinário,
sou apena uma ruga a mais,
refletida no espelho do armário,
Sou mais uma das imagens banais,
deste meu porto sem cais,
sem navio, nem vapor
nem conjunções astrais.
tenho tudo, menos amor
Sou eu sobrevivendo,
sonhando, escrevendo
não existe mais nada por de trás.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...