8.15.2009

Bem fundamentado, tudo se justifica...

into-me flutuar a dez metros sobre teu leito. Vejo-te dormir, as pernas espalhadas, joelho esquerdo fletido, de bruços, tranqüilo, o sono dos justos. Não passa por um milésio de segundo na tua cabeça, o universo de sentimentos e desdobramentos que tua despreocupação causou. Não passa sequer perto da fronte um pensamento a respeito dos universos particulares que tua negligência precipitou o apocalipse. Afinal que culpa tens tu? Quem foi que quis que este ser adoecesse? Quem foi que escolheu e contratou o corpo clínico deste nosocômio? Fostes tu? Não, portanto não tens nada a ver com isso. Porque Simmel fala prosopopéias como "A morte de um homem me diminui, pois faço parte do gênero humano", não quer dizer que seja veradeiro? Seria? Afinal, o que é mais um ser humano perante aos bilhões que há na terra. Se pensares bem, verás que és um homem bom, ecologicamente correto, contribues para o controle da superpopulação na terra. Então, porque estes injustos te acusam de negligência? Não és Deus (embora bem parecido), não podes estar em dois lugares ao mesmo tempo, e, como diria ,Einstein, um grande sábio, "O tempo é relativo", portanto aquela hora que te demorastes com tua mais nova conquista, que atrasou a intervenção, não é mais que meia hora ou dez minutos, pois, não foi tão bom assim aquele corpo. Então entendo porque dormes tranqüilo, afinal, em uma simples manhã, contribuistes para prevenção da super população na terra, desconfirmastes a prosopéia melódica de um sociológo alemão ímpar perdido nas escolas acadêmicas e ainda por cima, confirmastes a relatividade do tempo (uma cópula de uma hora não é nada, dez minutos de hemorragia é uma vida) além do mais, fundamentado pela sabedoria popular de um "matador nordestino" : " Não mato não, só faço o furo, quem mata é Deus", fostes agente da vontade divina, além de livre pensador és um místico!
Olhando novamente por cima de teu telhado, te vejo absorto em sono de homem sábio e justo. Semi coberto por lençóis de linho puro, velado por anel de ouro e esmeralda, embebido na genialidade quase santa, adquirida a bom preço nas escolas pagas do mundo. Porque não gozarias o sono dos justo? Afinal o próprio Deus outorgou-te estes poderes por procuração (ou seria seu secretário que usa roupa vermelha?).

Dorme homem justo, aproveita tuas prerrogativas de semi-Deus, muito bem fudamentadas na hipocrisia violenta, velada, vil e cega do mundo contemporâneo.

O crítico sensato.

le entrou no bar, e viu, já ébrio, o jovem poeta, tonto, ainda sobre o efeito da meia-garrafa de ego que havia bebido. O crítico então prestou atenção em suas mãos trêmulas e compulsivas, escrevendo quase que sofrendo, as confusas emoções que vinham de sua alma. O crítico, curioso com o frenezi do jovem poeta, pegou um texto que havia caído no chão, e, com a pretensão de ajudar-lhe, juntou o mesmo do chão, e devolveu-lhe. Não sem antes dar uma rápida lida (apenas para afagar a curiosidade).
Nos poucos versos que leu viu: figuras de linguagem, disgreções criativas, pensamentos originais, transcendência, estética, musicalidade e conteúdo. Porém, tudo em anárquica dança. Alguns escritos entrópicos cheios de energia e desorganização, com idéias, porém debatendo-se entre si a meio as observações pessoais tidas como originais e próprias. Reconhecia postulados já dissecados por antigos pensadores, colocados como pessoais pelo poeta diletante inculto que, ignorantemente, as achava próprias por desconhecer as letras dos grandes pensadores.
O crítico pensou: "Eis um criativo, pena que ébrio de seu ego". Devolveu a página ao jovem compulsivo poeta ignorante, subiu as escadas até seu quarto, e trouxe uma garrafa.
Sentou-se ao lado do jovem poeta:
-Permita-me dividir este nectar com o amigo?
Creio que te agradará, é antigo, amadurecido ao sabor do tempo, mas mesmo por isso eterno e revolucionário. Prove deste Baudelaire. Me digas o que achas?
O jovem poeta meio perplexo, estava já habituado com a embriaguez e ressaca do próprio ego, cedeu, até um pouco por pena e educação.
-Pois não senhor, afinal o que me custa?
Levou o cálice cheio de poesia ultrapassada do século retrazado à boca. Sentiu descer-lhe pela garganta o néctar do mais puro simbolismo.
O jovem poeta não disse nada, parou de escrever por um minuto enquanto seu olhos brilhavam com a nova experiência literária inebriante.
Então o crítico pensou: "Fiz meu trabalho, por hora... devo ter em algum local outra garrafa de Rimbauld ou Camilo Peçanha..."

O crítico compassivo.

O velho poeta passeava incauto pela noite insone, quando é interpelado por ele, um poeminha, simplório e alegrinho, sem muita metáfora, nem muito conteúdo. Uma simplória e frouxa rede de palavras pouco assemelhadas, falando de sentimentos corriqueiros na primeira pessoa. Pontuado de forma surreal, cheio de cicatrizes em diminutivo forçando rimas, era até "bonitinho", embora desforme, oco e sorridente.
Ele não sabia se sentia repulsa, dó ou simplismente pena, do poeminha impertinente desfilando na noite insone. Realmente, era uma figurinha, uma figurinha de linguagem.
Perguntou então o poeminha.
- Velho poeta, me diga uma coisa, como posso um dia crescer e me transformar em um poema bonito, lindo, fortemente embebido de emoções e razões, um poema que fale sobre filosofia, amor e universo?
O velho poeta, se sensibilizou, com o desejo e ânsia do pequeno inestético poema, refletiu algum tempo e respondeu.
-Meu caro e pequeno poema "bonitinho", nunca crescerás tu a ponto de seres um destes que anseias, mas, deves saber, que o poeta que te foi pai, com certeza depois de ti se tornou um ser um pouco mais feliz, e isto te faz um ser cheio de luz, irradiada pelo coração aflito ou enlevado de uma alma poética que te fez de filho. Portanto a tua pequenez estética agranda a luz da alma do planeta, fazendo um ser humano feliz, e nisto reside a tua grande luz e beleza, portanto desta forma te elogio, poeminha catársico filho de um poeta diletante, que decidiu sair da estante, e ser seu próprio arauto.
- O poeminha saiu feliz, saltitante, falando de seus sentimentos no diminutivo, com a certeza de ter seu lugar no mundo.
E assim o velho poeta saiu com seu manto de letras e sua vara mágica de sabedoria e compaixão, feliz na noite, na certeza de ter tornado "um" mundo melhor.

Roteiro de uma reconciliação.

epois de tu teres saído com portas batidas da minha casa, sinto minha alma aos pedaços, cacos de gente espalhados por toda casa, um montinho ali ao lado das rosas que chegaram atrasadas no meu aniversário e só sobraram delas espinhos. Aos poucos me ergo do sofá e ereta ando pela casa com um cigarro "semi-aceso" na boca ( que tu tanto odeias ), mas que importa, vou fumar, não vou mais te beijar mesmo, tudo acabado. Percorro em marcha ré na minha cabeça essa estrada chamada de "nossa vida", estrada esta agora interditada, interompida, toda nossa torta trajetória. Vivo ao avesso toda a nossa história, como mostram nos filmes perto da hora da morte, mas é a morte!( seria ela com um pouco de sorte, mas hoje quem morre é só uma parte de mim, a parte que te amava).
E começo a antecipar essa dor, a dor da ausência do teu cheiro ao meu lado no travesseiro, a dor de chegar ao banheiro e não ver resquícios líquidos da tua presença, dor doída de ouvir uma música e imaginar que irias gostar e não poder te ver em êxtase ouvi-la. Dor de ausência de todas as imperfeições, de todas as tuas faces, desde o anjo até o monstro peludo azul. Dor de não me sentir mais excluida do teu exclusivo mundo particular,( até a exclusão é melhor que a ausência dele). O vazio, a cada minuto da tua ausência antecipada me invade, me tornando uma boneca de fina porcelana, com faces anêmicas pintadas de vermelho choro. Minha cabeça dói, os olho se estreitam e me pesa a cabeça sobre a alma. Começo a imaginar não mais poder te tocar, entrar num mesmo bar e sermos estranhos, não mais nos tocarmos com intimidade dos amantes apaixonados, nem nos sacolejarmos epiléticos ao som de Angus Young.
Ainda ecoa em minha cabeça como diapasão feito de fel o som da porta atrás da tua fúria, e porque? Qual causa? Nada, um atraso, um mau-caso, por isso é pior que acaso, um vivência de desvalia e sofrimento repetida por mim como papagaia louca crocitando as mesmas dores cotidianas. Como permito que te vás?. Meu peito aperta e sinto ele esmigalhar, a simples vivência em pensamento de um inexorável "nunca mais" me esmigalha a alma.
Olho para tudo em busca de um resquício de ausência de ti, em vão, estás em tudo, em cada canto da minha casa, da minha alma do meu corpo. Ai meu corpo, não me lembres dele, queria poder esquecê-lo, queria encerrar ele na gaveta embaixo das calcinhas, embaixo das meias velhas nunca mais usadas. Mas ele grita, clama e se inflama abstinente de ti. Me lembra ele, aos gritos, da tua soberba boca, grossa carnuda e macia com que sugavas meu peito qual recém nato sequioso, ai boca...Que me sussurra segredos indecentes nas madrugadas insones para me despertar e te ajudar a dormir depois da exaustão do sexo. Ai saudade da tua boca!!! Tua boca a deslizar pelo meu pescoço carregando teus dentes até minha nuca, onde a mordiscavas como se fosse prosaico petisco, quero ela agora aqui!!!! Bem no meio das minhas pernas a matar a sede de mulher que tanto tens (e sei que só eu sacio), como se fosse límpida e clara água cristalina da fonte, ai boca...casa da língua que me viola todos os orifícos do meu corpo e da minha alma, que me invade em carne e palavras sussurradas em meus ouvidos mocos. Me lembro das mãos, fortes mãos de homem, que prendem meus seios quando me defloras por trás, alças de meu corpo que usas nos levas-e-trás de teus movimentos. Movimentos violentos que me rasgam de prazer, mãos que reduzem minhas coxas dentro de tuas palmas, de tão tamanha que é a gana que pegas para me virares e me usares conforme teu gosto, ( pois meu gosto é te ver gostar) ser tua, te ver delirar, te divertir com meus mamilos entre teu dedos, entre teus dentes.Como meus olhos imploram para olhar novamente estes olhos enviesados me olhando de esguelha observando o meu prazer, sinto saudade do teu zelo relativo ao meu goso, da tua generosidade em sacrificar a pronta satisfação do teu prazer em prol da multiplicação do meu.
Tudo em mim é nada, tudo em mim é tudo de ti. Me toco e sinto nada, minha vagina vazia clama por ti pelo teu membro impávido, que me completa inteiramente como nunca ninguém antes me completou, pode-se dizer que antes de ti nada existiu, nada valeu a pena antes de ti.
Mais forte que eu é meu corpo, que abre a porta e sai em busca do eco dos teus passos escada a baixo... Vôo pelos degraus em desabalada carreira como se os quatro cavaleiros do apocalípse estivessem em meu encalço( E não estão? Eu sem ti é meu apocalipse pessoal). Tropeço em tua sombra no vão da escada, ela de cabeça baixa sentada em dúvida, agrandada pela incidência do céu do poente da tua alma ( agora azul). Nem penso é reflexo, em mudo, surdo e cego movimento vôo sobre ti ali na escada. Surpreso pulas, tentas murmurar alguma palavra, te calo, te calo com minha boca, engulo todas elas, todas as palavras, todos os porquês com todos os tipos de acentos, engulo, degluto e gesto um novo horizonte sem palavras neste instante, mas agora ainda mudo em gesto de amor agoniado, reconcilhado e vibrante. Te empurro por sobre a escada, (nunca uma cama nos foi tão confortável em toda a " nossa vida"). Se fechar os olhos vejo, a luz filtrada do velho vidro martelado colorido da porta antiga do prédio, a banhar nossos corpos manchados de lágrimas loucas, filhas paridas das neuroses, que agora voltam para o centro do corpo para umedecer nossas mucosas ardentes. Me arrancas as roupas de baixo, como se fossem feitas de papel crepom, e sem muitas delongas me trespassas com teu falo ereto tal qual lança de guerreiro celta, louco, insano e mágico, tingido-me toda deste nosso amor reencontrado no último degrau da escada, onde nua me posto a teu gosto para fazeres de mim "O amor da tua vida", conforme tua graça e gosto, nos unindo em um único ser vibrante completo gerado em conclusão orgásmica conjunta espargida em gemidos sentidos, dilacerantes do amor e do medo.
E assim nos saciamos de nós mesmos, espelhos de nossos amores, dores e desejos, e voltamos a ser nós, enfim nosso único e total desejo.
( subimos escada a cima, voltamos à nossa cama, nos abraçamos e choramos a alegria do reeencontro e com uma doce, meiga e prazerosa sinfonia de corpos nos amamos como se essa fosse nossa única e possível vez, depois dormimos exaustos, tu com a mão por cima do meu corpo nu, e eu vestida de ti.)

O crítico destrutivo.

Então ele abriu seu grandes olhos de escuridão, vomitou suas conjuradas prosopopéias pseudo-filosóficas, superficiais e desagregadas, após sorriu. "Não és intelegível aos reles mortais, apenas aos Deuses" lhe sussurrava o inflado ego ao segurar-lhe a testa enquanto vomitava seus velados impropérios disfarçados de conteúdo. E, absorto, ficou observando os restos semi digeridos de filosofia e história espalhados em pedaços umidificados pelas secreções do estômago de seus escassos leitores, atônitos e aflitos. Olhava, com certo orgulho de pai, o rebento, o vômito fétido, escuro e bilioso de seu cérebro em confusão, frustração e inconsciência (da confusão e frustração!)
Dizia na sopa de letrinha regurgitada, "Aqui jaz o grande ego de um pequeno escritor".

Incoercível destino

Queria
ser bebida
ser refrescante.
Sedendo a sede
calcinante
que assola todos
nós.

Que nos esmaga,
mós de moinhos,
que nos apertam como
cós, e colarinhos.

Necessários
artifícios
de proletários
ofícios
na arte de ser.

Queria tanto
poder viver,
crescer,
convencer
sem submeter,
não mais trair,
ser,
quem quero
ser,
não mais,
perdida no cais
do querer,
no mar do ter de ser,
do eterno,
inferno,
de terno
e conhecer...

Mudar o mundo em um segundo.

Queria parar o mundo,
só por um segundo,
e ter um pensamento bem forte.

Parar o tempo
e exterminar a morte.
Estabelecer como lei
a boa sorte.
Todo o fraco
viraria forte.

E a tristeza?
Ora, com certeza,
ficará trancada
em um cofre-forte,

Arrependimento da língua solta.

Olho no olho
olhar.

Corpo no corpo
copular

Alma na alma amar.

Sentir sem ser, nem ter,
nem ver, nem viver
só sonhar.
poetar!!!

DISGRESSÕES

Olho no olho
olhar.

Corpo no corpo
copular

Alma na alma amar.

Sentir sem ser, nem ter,
nem ver, nem viver
só sonhar.
poetar!!!

Da vida que se esvai antes do tempo.

Momento de revolta,
sempre volta,
nunca fenece.

Memória anímica
que com mímica
me fala, não esquece.

Tatuada em mim,
em prece,
que não cala
nem esmorece.

Luta,
Não te tornes bruta!!!
Nem te escondas,
na gruta,
do conhecimento
que justifica
tudo que acontece.

( E nessa a Ética fenece, enterrada à sete palmos de folhas mortas de tratados que se compra na internet)







Da revolta da hipocrisia justificando a vilania com ciência, refrigerando a consciência dos negligentes,
como se fosse fresco refrigerante vulgar, bebido por toda a gente, em qualquer lugar.
Não, eu não!!! Não me escondo nesta gruta.Sou poeta,diferente desta gente ( F.D.P ).

Enquanto forem humanos.

Viverei mil anos,
e enquanto os seres forem humanos,
sentirei.

Sentirei o olhar
de desespero
antes do último
suspiro.

Sentirei na minha própria carne
a falta de cor,
de sopro que fale,
de pulso que não cale.

Sentirei a dor do ser nu,
sem pudor,
que confiante se entrega
crendo incondicionalmente
na cura urgente.


Sentirei se esvaindo,
sumindo,
como se fosse em mim.

A miríade de possibilidades
encerradas, enfim,
deste ser,
que não vive mais,
que chegou ao fim.

Que prematuro diz adeus,
deixando como rastro
o escuro, duro e imponderável
"viver sem a luz dos olhos teus".

Secura

eco,
é meu peito,
já não brota emoção.

Seco é o beco,
confortável
da inconsciência.

Deserto morto,
seco,
esterco,
chamado ciência.

Recozido com paciência
pelos homens de analítica
sapiência.

(Me digam onde foi parar o ser humano? Saiu pelo ralo? Entrou por um cano? Não!!!! Está em algum comercial,
personificado, santificado como herói nacional, chutando uma bola no campeonato mundial).



Meu protesto ao cartesianismo desumano da sociedade comtemporânea , onde Doutos em medicina, desfraldam a bandeira do movimento da Humanização. Se a medicina necessita ser humanizada, qual seria o atual estado dela? Animalizada? Bestializada? Mecanificada?
Que Deus me de Saúde e uma morte breve. E me de a permissão para deste mundo eu fazer uma greve.
Deixa-lo só, meditando, por um momento, nem que breve.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...