12.25.2009

Poemas que cortam

Do aço que corta-me,  face pálida
apenas o brilho basso da lâmina cálida
resta-me de lembrança da beleza ida
resta-me de esperança nesta vida.

Do pálido traço de minha mão ávida
qual hálito escasso nesta boca inválida
dando-me a palavra triste, ilustrativa
dando-me o semblante da altiva diva.

Para perder-me em ilusão destrutiva
para deixar-me factualmente à deriva
em humana, plena  e total dissolução

Segurando minha trêmula, enrugada mão
conduzindo-me para esta vala, vão,
torcendo que, talvez louca e pouca, eu sobreviva...

Novo paradigma





Doces são as palavras que brotam tal qual flores no campo
selvagem, expontâneo, instantâneo, lírico encanto
queria só que fosse alegria, magia e nunca pranto
queria só que fosse energia, sabedoria e acalanto

Mas sou eu, sempre há bruma em algum canto.
Mas sou ateu, no ventre há nenhum santo.

Mas eu canto, encanto e causo espanto,
Mas eu tento, tanto e tanto e no entanto...

Ansiosa, receosa, agitada torno-me temerosa
ciosa, fogosa, desencontrada torno-me aquosa.

Esmago sem querer a rosa
descompasso o verso em prosa.

Ficando assim parada, triste e pesarosa...

Mas mudo essa sina,
volto a ser menina

Assumo que tenho meia-idade.
Metade da minha sobriedade.

Louca saio a poetar em outra cidade,

De lírica, torno-me onírica FELICIDADE!!!!

12.21.2009

De quatro




Acato, aceito,
até anseio,
por este incauto ato
posto-me de dorso
ofereço-te meu pescoço
e meus membros,
quatro.

Não vejo teu rosto,
apenas sinto o encosto
de teu corpo
por cima posto.
Reclino, empino, arfo,
para facilitar de fato
Sivo-te então a ti
em meu leito-prato.

Pressinto terno momento
tua mão em meu mento
a outra guiando meu quarto

Sinto então o impacto!
Com força e resolução
pegas-me com tua mão
e partes-me ao meio
docemente sem receio
aceito,
contigo meu corpo
reparto...

QUE ATO!!!

Cinges-me pelo cabelo,
eu tua, nua em pelo,
encaixo,
Tua mão em meu peito,
abaixo,
conduzes-me pelo seio,
como se fosse relho
(te espio pelo espelho)
abrindo-me ao meio,
em ti me emparelho,
te aceito, acato.

Extendes-me
curvo a coluna
neste sentimento de bruma
que invade,
sentidos em alarde
meu corpo quente arde
em orgásmico ápice
que bebo inteiro
preenchendo meu corpo cálice
de ti...

Ocaso de mim




Nunca mais farei sequer mais um verso de amor
em mim o sol se apaga, eterno amoroso ocaso.
Nunca mais sentirei esta ilusória inventada dor
em mim o mundo gira até meu fim, sem nexo, ao acaso.

Rompido, rachado vaso por onde escorre, se esvai
minha alegre vida, a ilusão perdida, a eterna ida
para o vão do que nada que sou, louco abstrato haikai
que relata sem sentido a anatomia desta ferida.

Vou, já sendo póstuma à minha estrada desvalida
(existência, sobrevivência sem vida só ciência)
prazer de ter, tristeza de não ser, apenas querida.

Espero a morte com resiganação, infinita paciência
estou só por opção, situação por mim escolhida
dispo-me assim de vida, sou morte vestida com decência.


(Que o leitor tenha condescendência...)

Valsa da Solidão





Lanço-me aos braços pagãos
deste mundo vão
danço esta valsa triste.

Rodopio no salão,
Onde o vácuo de gente persiste.

[De mim saio, nada mais subsiste]

Nada antecede, nada precede,

[apenas a lembrança]

Insiste
Resiste
Alimenta

Esta minha alma intensa e violenta
devorando cada segundo de espera, atenta...


E eu? Rodopio do salão do mundo vazio

Vazio de ti...

[será que estou viva ou em letras já morri?]

Fado chamado amor





Do amor fiz-me escrava
e minh'alma fugitiva
desta flecha que crava
mata a mulher e a diva.

Do amor fiz-me altiva
fiz-me jaula de triste luz
solitária, independente, ativa
fiz-me algema de veludo e cruz.

Do amor...Decidi ser dor
por não ter nada que por
no lugar do verbo amar.

Mas hoje escolho sonhar
simplesmente me opor
a este fado chamado amor.

12.20.2009

Métrica louca



                                        Foto: Ana Lyra
                                          
Métrica que ressoa em mi´nha alma, insana
apenas me estranha final triste, algo constrito,
de sussurro se transforma, alto brado, quase grito
que em mim ressoa , lembra Pessoa, me inflama.

Ler-te imortaliza , facilita , alisa-me a mente
etérea, mobilizo-me, viajo, tal espírito errante,
tranformo-me em satélite reflectindo brilho distante
iluminada por tua métrica, estética, palavra fluente.

E assim deságuo-me em palavra forte, louca, sonante
minha vida, vida sem graça, se afasta do doente tempo
tranforma-se em graça, dando graças a musa radiante.

Sussurrando palavras lidas, contidas em minha mente,
sei que não sou musa, talvez intrusa , sem sentimento,
mas amo as batalhas que travas em fonético poente.

Saudade




                                    Foto: Ana Lyra
                          
  Saudade
rosa amorosa,
jardim da minha alma, irrealidade.

Saudade das horas perdidas a tarde
fazendo conta de idade
há setes dias nesta mesma
cidade.

Saudade
da viajante liberdade
de sentir-te na eternidade
companheiro sem idade.

Saudade, rosa triste amorosa,
enfeita esta mesa de renda mimosa,
refeição primorosa
menu à Marques de Sade
"Coração com tempero
de impossibilidade".

Amorosa arrependida
saudade
quem sabe te mate
a realidade
movida por essa grande vontade
de ter-te, um dia,
de verdade.

Já é tarde


                                                                                                         Foto: Ana Lyra
                                                                                               

Fulgor matinal que invade-me
arde fogo vivo, como arde
silencioso formoso sem alarde.

Porém tardio, chega tarde
a noite já invade-me
sinto frio, a vida evade.

Já não rio, aparto-me do que partiu
já quase parto meu fio
sem vida, mal vivida, sinto frio.

Mas arde, embora tarde,ainda invade
Sinto dor e sorrio
ao lembrar um amor que partiu.

Lembro-me do marques de Sade
A cada verso teu que arde
quando meus olhos invade.

Pena que tarde, muito tarde...
da mi'nhalma a esperança evade

(derradeira adorno-me com um verso feito de jade)

Vou correr, amputar-me
vou viver a rezar
vou virar frade.


(Assim quem sabe o desejo
se evade e para ser feliz
não seja tarde)

Deixa-me





Deixa-me olhar
este vão,
precipício,
corpo.

Deixa lançar-me
ao vão,
fictício,
bravio porto.

Deixa-me pegar 
à mão,
hospício,
amor louco.

Deixa-me dançar
ao chão,
castisso,
mundo pouco.

Deixa pulsar...
Coração,
sem auspício,
mudo e mouco.

12.18.2009

A poetisa amorosa




Minha alma
tinge-se de rosa
em uma reza fervorosa,
para que volte à vida,
em letras, amorosa.

Minha alma
em paisagem pavorosa
sente-se pesarosa
sem ti, alma perdida,
negra,tenebrosa...

Minha alma é carne, é rosa
quente, ansiosa
para por ti ser bebida,
saboreada, saborosa...


Minha alma
etérea, Vaporosa
voa longe, vigorosa
embora compungida
cativa,saudosa.

Minha alma
não é cautelosa
sem ti é fala aturdida
desencontrada,estridulosa.

Minha alma,
óh alma ansiosa
para ser tua, viçosa
em matéria, vida,
em tua precisa prosa.


12.17.2009

Passeando de mão com o lúdico.




                                                                    Foto: Ana Lyra

Na ilusão impávida, impoluta,
minha vida agranda, avulta.


[não avilta]

Toda a luz do mundo filtra
em janela da alma, bate, luta.

Tenta atenta crer num porvir,
senta, assenta-se num barco por ir.

Volta se entorna, escuta à porta,
espia o futuro, perfura o muro...

[será que irá sorrir?]

Pensa tensa em qual melhor ação.

[passo em falso leva a dissolução].

Dizem-lhe:
"Louca!!!
Vives a beijar-te a própria boca,
neste teu mundo de castelo e ilusão".

Mas não vivo em vão...
divirto-me enquanto não chega meu Rei

[enquanto ele vem ou não]

Assim chego mais perto do meu futuro certo

[o mesmo de todo e qualquer irmão]

Mas enquanto isso não ocorre
o lúdico socorre-me,
carrega-me pela mão...

[Acalenta-me em seu braços fortes de ilusão].

Magnânima queda no espaço



                                                                                     Foto: Ana Lyra
o.

12.15.2009

Sentido negado, desejo exaltado






foto retirada do site google

Dolorosa é a volúpia da minha rosa ansiosa
por ter-te em vigor, em verso e em prosa
Dolorosa é ânsia de saciar o louco desejo
que tenho quando em letras imagino, vejo.


Vejo-te postar-te em solitária, carcerária, cadeira
expectante, extasiado, na ânsia, torcendo em crença
nu, vendado, preso, atado com seda suave e verdadeira
inalando o meu odor exalado que anuncia potentosa presença.


Ouvindo... apenas ouvindo, à pele o tato singindo
cego sem poder enxergar, obliterado, olfando
exaurindo pouca sanidade, delírio louco emergindo.
imobilizado, sem poder apalpar, alucina ansiando.


Absorvendo meu corpo, o exalar, arauto anunciando
ouvindo em passo distante o aproximar, esgueirando
provocando um leve roçar quente, o corpo queimando
minha pele escalda a boca à recusa, eu negando.


Dou-te um pouco, só para provar, de meu peito
vejo-te louco a sugar voraz sovendo, ardendo
floresce minha rosa, mas não deixo colher, receio
ficas ereto, louco, animado, insano, querendo.


Então fauno irado, descontrolado, soltas-te inteiro
apenas vendado, pegas meu corpo, brutal entropia.
Teu músculo doloroso parte-me, penetra-me ao meio
pegas-me de frente, entrego-me gemente, sacia...


Cegas-me de tanto desejo, fecho os olhos não vejo
sento-me á tua cela, desfraldo minha vela, louca
puxas-me forte, vertigem, tiras-me o norte, arquejo
beijo-te insana, aflita e humana, calo à boca.


Desliso minha mão sequiosa em tuas costas, sedosa
cravo minhas garras em tua pele, machuco, não fere
pegas-me pelas as ancas mostras-me força vigorosa
És meu único dono, soberano senhor, que prazer confere.


Entrego-me à tua vontade, súplica incoerente,
és meu dono, és amante, és poeta de desejo amoral
eu sou tua, sou musa, mulher confusa, florescente
és saciedade profusa de meu desejo vão e carnal.


És meu suplício, meu amor em letras imortal
meu desejo, calor onde evaporo meu corpo banal
Desejo saciado, com muso imaginado, imaterial
Meu gozo versado, sentido, pulsado, nascido ao natural...




12.13.2009

Éramos Cinco








Vesti-me com capricho, afinco
[éramos cinco]  
Escolhi um raro poético brinco  
[éramos cinco]  
Não precisamos de uma multidão 
apenas um poético coração
pulsando em verdade. 
[éramos um na noite da cidade] 
Éramos cinco.  
Cinco, corpos em cada realidade.  
Somos um, um coração.  
[Sonhando em poesia, realizando felicidade] 
Somos um, juntos, coração. 
[Pulsando sóbrio, pleno de amor e vontade]
Somos um!!!  
Juntos em amor e sinceridade, Calor, humanidade, 
Resfrescando-nos ao sabor do sonho, 
soprados pela brisa do mar, do amor e da vontade.  
Inebriados apenas por versos, 
dos lúdicos universos nesta noite fresca desta bela cidade. 
[Somos um em poesia e sinceridade]  
SOMOS CINCO, 
SOMOS UM, 
SOMOS MULTIDÃO, 
SOMOS "BOOM" 
SOMOS WAF BRASILEIRO, 
BROTANDO INTEIRO, 
VOANDO NAS ASAS PELO MUNDO, 
SONHANDO NA REALIDADE.



Vestida de letras dançando com o mundo.

Guardei no mais seguro cofre forte
as jóias caras, de vultuoso porte

[que destes-me]

Todos os lindos versos
de sentimento confesso

[que fizestes-me]

Para um dia usar nas noites claras
de gala, todas as jóias raras

[que adornastes-me]

Junto com as vestes pretas
feitas todas de letras

[que ofertastes-me]

bordadas de veludo e ilusão
revestidas de cetim e confusão

[tirastes-me para dançar]

Dancei a lúdica dança
com cara de feliz criança

iluminada pelo lúbrico ecram
com luz de alegria vã

Dancei, rodopiei pelo salão,
tropecei, quase caí no chão...

Mas ergui, fingi, sorri,

(no mundo não se pode sofrer em vão)

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...