2.20.2010

corpo




O corpo morto em minha cama
não mais inflama-me em ardor.

Sinto o calor do corpo,
mas não sinto amor.

O corpo ereto mira o teto
eu longe, ele perto
sinto dor.

O corpo incerto,
traidor abjeto,
feriu-me tanto.
coração aberto
tornou-me pranto,
murcha flor.

Agora perde-se o enquanto
envolta eu, em lúdico manto
tua boca não gera-me mais calor.

Mecânico ato que carente acato
mas como um desenho sem cor
amor oco, pouco, em triste torpor.

Nua ao sol






Quente sol dourado aquece,
meu corpo que enrubesce
com tua luz luminar.

Lembra-me que sou corpo
e quiçá também porto
nos "vens-e-vais" deste mar.

Sinto-te sequioso aquecendo
minha derme vai cedendo
ao calor do teu olhar

Eu, tu e meu coração,
neste meu ninho mansão,
vários quartos onde passear.

Paro por um momento,
saio na areia, adentro,
sozinha a te abraçar.

Sinto-te, sol, por dentro
lambendo meu ser sedento,
de livre viver e cantar.

Dispo-me, torno-me nua
desisto de ser lua,
(melhor meu corpo bronzear).

Nua, sol, deixo-me inteira
perdida tua, lua-sereia,
pérola à borla,à areia,só a ti esperar.

Docemente enrubescer, aquecer,
na mágoa, após, refrescar,
(nua adentro pelo louco amar).

Sentir, exalar, relaxar, seio à beira-mar
sol do lar, cais na orla do par.
(é muito bom ser poeta, nessas horas poetar)

Nua às marcas, pousar, apagar,
frutos das noites de chuva,
do corpo, do meu sonhar.

Trás precisão à minha pele,
morde-me mas não fere-me
(indecisão acaba de acabar).

Mesmo aqui sozinha,
do céu sou a vizinha,
(namoro o sal e o sonhar).

Posto-me inteira despida,
a ti sol oferecida,
inteira a me penetrar.

(quero minhas alvas marcas exterminar).

Beija-me passeia-me e atua
no meu palco de pele sou tua
possue-me ao me entregar.

Depois ardente minha pele,
a leve brisa confere
o doce beijo do ar.

E assim sinto-me ao sol...
Desejo feito farol,
iluminando rochedo no meu mar
(Água do meu insano poetar)

Ato de amor





Acato, aceito,
até anseio,
por este incauto ato
posto-me de dorso
ofereço-te meu pescoço
e meus membros,
quatro.

Não vejo teu rosto,
apenas sinto o encosto
de teu corpo
por cima posto.
Reclino, empino, arfo,
para facilitar de fato
Sivo-te então a ti
em meu leito-prato.

Pressinto terno momento
tua mão em meu mento
a outra guiando meu quarto

Sinto então o impacto!
Com força e resolução
pegas-me com tua mão
e partes-me ao meio
docemente sem receio
aceito,
contigo meu corpo
reparto...

QUE ATO!!!

Cinges-me pelo cabelo,
eu tua, nua em pelo,
encaixo,
Tua mão em meu peito,
abaixo,
conduzes-me pelo seio,
como se fosse relho
(te espio pelo espelho)
abrindo-me ao meio,
em ti me emparelho,
te aceito, acato.

Extendes-me
curvo a coluna
neste sentimento de bruma
que invade,
sentidos em alarde
meu corpo quente arde
em orgásmico ápice
que bebo inteiro
preenchendo meu corpo cálice
de ti...




Surreal amor





Surreal Amor


Resido do lado negro do oceano,
na antecamâra do sol
em insular atol, rodeado de negro mar
sob o fogo das rosas, entre versos e prosas
acabei por encontrar uma louca forma de amar.

Que derrama na escuridão lágrimas
ácrinas secreções do meu sofrer
encontro nelas a força,para te agarrar,
para não deixar-te, em meu coração, fenecer.

Nos meus braços crio imaginários laços
Nas minha veias não te deixo morrer 
Abraços de meu corpo sem matéria
consunção de minha alma etérea

Luz que incendeia o coração
numa chama eterna e imortal
mão que toca minha emoção
num toque terno imaterial.


Amor, sublime amor, surreal!

Amor proibido, que não acaba nos meus braços.
Amor permitido, apenas em literários traços.

Coibido por um oceano de momentos escassos.





Duo realizado com o poeta português Rafael Roxo

Não sei amor



Não sei amor...

Apenas contemplo
sinto a voragem do tempo
em dúvidas fico ao relento
e olho o sol se por.

Serias o esplendor do sol
ou uma intermitente luz de faroL
a acender e a apagar?

Serias o misticismo da madrugada
a lua com sua luz filtrada
a dormitar no meu olhar?

Não sei meu amor...

Serias tu ilusão
um percalço do coração
ou apenas a conjugação
torta do verbo amar?

Não sei meu amor.

Se te ouço no contratempo
no uivo soturno do vento
no tormento, quando te ausentas.
nas tormentas que enfrentas
sinto tua dor me chegar.

Isso é amar?

Se és pássaro gorjeando
mansamente pousando
de um vôo perfeito
aninhado no meu peito
sinto tua alma acalmar.

É isso amar!

Serias para sempre ou de passagem?
Serias apenas uma branda aragem
a bafejar a tua presença?


Não sei meu amor!

Ou uma flor abrindo
em meu peito, florindo
para murchar sem pedir licença.

Não sei meu amor!

Sinto-te,
No meu sangue e no meu corpo
serias alto mar, ou porto?

Não sei! Meu amor?

Só olho, sento e contemplo
vivo este imenso momento
que é sentir teu sabor...



Duo com a maravilhosa poetisa Vony, que eu tanto admiro. Uma pessoa de uma generosidade incrível que escolheu um mote incrível para este duo. Muito embora nos conheçamos muito pouco, com certeza uma irmã de letras de uma energia sem igual, foi um prazer fazê-lo. Espero que minha colega tenha apreciado o resultado





Corpos





Corpos vem, corpos vão,
uns com vida, outros não,
corpos saem, corpos entram,
uns se esvaem, outros agüentam
Copos vivos, lascivos corpos,
passando por crivos,
criando portos,
Corpos perfeitos,
outros tortos,
uns rarefeitos,
outros mortos
Corpos, apenas corpos,
portos onde a alma aporta
corpos apenas corpos
batendo à minha porta.
Corpos, apenas corpos
copos da alma, forma,
copos que vida entorna.


Nunca mais





Nunca mais.



Lembro-me de ter amado, foi uma vez,

Como sol e lua, eram em vida, impossíveis

pelo sentimento proibido, talvez,

no amor se tornaram eternos, invencíveis.


Lembro-me do rompimento, amargo feito,

um tremor, um abalo, um forte cismo

Lembro-me de sentir o ar, pouco, rarefeito

Senti-me despencando em infinito abismo.



Ah, quanto amor eu senti em meu peito!

Donde estás arraigado nesta hora?

Por tão só, triste amor desfeito.



Malefício que minh'alma deflora
como poderoso feitiço perfeito

todas as manhãs como orvalho, chora.



Duo  com o poeta Paulista Felix

Encontro e desencontro


Encontro e desencontro


Eles se olharam,
 foi tão bom,
eles se trocaram
 roupas de crepom
eles se encharcaram
 se mancharam
de batom.
            (...)
Na chuva se amaram,
comeram bom-bom
Riram, conversaram
em alto e bom tom.
            (...)
Eles se afastaram
perderam o dom
eles se calaram
acabou o som...

Eles se perderam.

[ Decifrá-los, agora ,nem  mesmo Champollion.]

Deixar passar o que não tem futuro.





]Deixar passar o que não tem futuro.

Perdi o nome, o fone, o endereço
perdi a fome, não mais me consome, acabou o apreço.
Achei a calma, a verdade, sem alegoria ou adereço.
Deixei as pedras duras, as agruras, os tropeços.

Cuspi as amarguras, as armaduras, os codessos
Durou menos que duas luas,
porém as palavras tuas, duras e cruas
marcaram-me como rude afresco.

Fiquei vazia, jazi fria, em mármore fresco,
mas renasci, nem sei com sobrevivi
Escolhi um novo começo.

[viver livre, sem hipocrisia, não tem preço]

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...