9.13.2009

Mortalha luminosa de meu corpo



 O efeito de tua presença,
entristece-me, deixa-me tensa,
então penso no "não senso"
desta sensação imensa.

Cinza cor sem presença.
É fusca luz prateada refratada,
é baça, refletida na taça nunca bebida,
mas que mata minha sede, pervertida.

E me contento com migalha,
com "o que quer que o valha".
Por um sorriso, um olhar de narciso,
viro cambalhota, no fio da navalha!!!.

Então visto a mortalha chamada corpo.

A mortalha de meu sentimento,
negra veste do barqueiro sem porto,
parado, azul, triste e absorto,
enterrado vivo acreditando-se morto.

Mas que importa ?
A vida já me é morta há tanto,
afogada no já seco rio
chamado "Meu pranto".

Sobra então a ilusão doente,
essa fraca luz baça e fusca,
que ilumina a noite de meu ser,

 resignado, nada mais busca.

2 comentários:

Joe disse...

Fiz cá uma visita ontem e pensei ter comentado, mas parece que não. Quero agradecer a visita ao meu blog e os comentários sempre muito gratificantes que tem deixado. Do que li por aqui até agora, destaco o "Ao Meu Muso" que para mim estava simplesmente genial. Mas também esta mortalha luminosa tem o seu brilho. Vou voltar cá sempre que houver novidades!

Joe disse...

Afinal, enganei-me e comentei o mesmo duas vezes. Não me apercebi de que os comentários esperavam por aprovação, desculpa. Obrigado por nova visita ao meu blog. A infinidade do tempo deve ser o maior desejo da maioria das pessoas, mas é impossível. E quando nos apercebemos disso, "sobra então a ilusão doente", a esperança vã. Já que me repeti nos comentários uma vez, vou repetir-me de novo: gostei bastante deste texto, especialmente as últimas estrofes.

Quem sou eu

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Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...