O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
9.05.2009
E essa dor donde vem?
Me entendo conforme vou me lendo,
vejo melhor, não me vendo,
mas tiro dos olhos a venda,
observo com coragem a fenda
em meu corpo poético, de renda,
fino, trespassado, amordaçado,
meu louco corpo,
desenhado, etéreo, pouco e poetado...
Vivo com ele pelo meio,
vivo a vida de permeio,
vivo ou sobrevivo,
a poesia é um fim,
ou só um meio?
Não sei e não me interessa, para essa pergunta, na resposta, nem há pressa. ( só escrevo, não cravo no peito, atravesso o lastro deste teu leito, a encruzilhada, desta minha dor poetada) mas, já não dói mais o peito. Mas donde ela vem?... Agora?... Não vem de nada nem de ninguém...é uma comum dor, ardente como lava, que só entende quem a tem...
Chamada depressão, confundida com dor de coração...
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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