O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
10.18.2010
Ainda amor...
És para mim flor rara
preciosíssima, cara.
Árvore de parca floração
cuja semente carrego
em meu coração.
Este amor que não mais nego
me entrego, não digo mais não.
Pulsas em mim, és minha pele
minha epiderme de sentidos
sons que povoam meus ouvidos
uivos de minha noite fazia.
És tudo, meu corpo mudo
minha alma que fala
és para mim um alento
de uma dor que cala.
Não mais sofrimento
não mais cismo que abala.
Apenas entrega
de uma alma que não nega
este amor que ainda a embala.
Cantiga de um outro tempo
que perfaz meu momento
destino de minha vida
minha linha preferida
no traçado de minha palma.
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Quem sou eu
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- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...