( A alma)
Me pegas pela mão e me levas,
me tiras dos olhos as trevas,
essa minha cegueira de ilusão.
Vai, caro amigo do coração,
me ensinas este caminho
de uma só mão?
Me fazes esquecer,
de novo enternecer,
conseguir de novo querer.
(Perdão)
Deixa explicar-te
amar é uma arte,
esculpida à mão.
Se erras, te enganas,
te tornas palavras desumanas
só há um remédio para teu coração.
Eu, o perdão.
Mas não me peças a esmo,
peças perdão a ti mesma
e a tua própria ficção.
Perdão, minha querida,
perdão...
Só eu te salvo,
do teu próprio alvo,
negro no meio do teu coração.
Te torno de novo alva,
te devolvo de novo a calma,
te tiro da escuridão...
(A alma)
Grata caro amigo,
te levarei sempre comigo,
em cada luto e em cada gestação.
Me abro e carrego comigo,
teu calor meu caro amigo,
o brilho do teu trigo,
nutrindo meu coração.
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
9.05.2009
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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