5.01.2010

Espuma à maré cheia


u és

a areia que sustenta meus pés
que flutuam no éter insano
as folhas de papel
que cobrem meu corpo de mel
de desejo humano.
Tu és 

o mumuro do vento do norte
que sussurra improvável sorte
que alimenta meu lirismo
és um beijo jogado ao abismo
num eco sem retorno

Tu és
O rei em seu domo de letras
Eu? A viúva de rendas pretas
tecendo versos bordados
desmanchando ao dia
a tristeza e a agonia
à noite sou teia versos dourados
jogados à areia em castelos inventados.

Nós? 

Somos apenas poetas
de loucas afetivas metas
com a rima que pulsa nas veias
com os corpos trepassados por setas
encantados por cantos de sereias
sobrevivendo em pequeno espaço
tecendo etéreo tênue laço
tal qual as espumas nas areias
fuscas e frágeis
à lua nas marés cheias.

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Quem sou eu

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Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...