10.15.2009

Autobiografia poética


O destino...ele...bate a porta,
eu jogada quase morta,
quase não o atendi,
perdida estava eu quando na porta ouvi:

- Atenção, fique desperta!!!
"precisa-se de poeta"

Poeta eu?
Poema, meu?
Será que seria eu uma poetisa?
pensei que só aposentada profetisa,
mas não,
não e não...
Gritou uma luz lilás em meu coração.
És tu sim!
Existe uma poesia em "mim"?

Existe, insiste, não desiste,
solta a tua voz,
olha que lindo este lúdico rio em foz.
Chamada poesia em mim,
vestida de noite,
pintada de carmim
que louca grita,
desesperada, irada ecoa,
palavras escritas, da alma que voa,
a cada verso de Fernando Pessoa
a cada soneto
do triste do solitário gueto
de Florbela Espanca,
espelhado, cuspido e escarrado
em uma uma folha branca,
me derrama, me chama
me chora, me coa,
tirando de mim a tristeza
que quase já brota atoa,
talvez não seja engano ledo,
ler Alvarez de Azevedo,
tira-me da rima o medo,
entranha-me esta métrica estranha,
e saio falando em rima,
Queria eu ser Peçanha,
dominar esta louca sanha,
correndo, vivendo, rimando, querendo
galopando, sacudindo minha crina,
fazendo da vida um mundo de rima,
bebendo da fonte,
da planice ou do alto do monte,
do campo, ou da cidade...
lembro-me de Osvald de Andrade,
poeta da modernidade,
quase me enlouquece,
com sua beleza que não fenece,
bebo tudo, do mundo torno-me surdo,
me embreago,
tomo tudo de um mesmo trago.
Acendo um maço e trago um traço,
de vinícius de Moraes,
o poeta que morreu em paz,
que cantou as belezas de portos
de mares, de mortos e de cais,
de mulheres da vida,
de Deus e de reles mortais,
de amores, de guerra e de paz.
E assim, com um pouco disto tudo,
montou-se este conteúdo,
com mais uma pitada de vida,
triste, solítária e sofrida,
nasceu a poesia em mim,
que espero que seja eterna,
bruta, alucinada, sensata e terna,
minha poesia interna,
de cores de lua e carmim,
espero que nunca tenha fim.
Poesia transformadora de "mim".





Foi assim que depois de algumas ( muitas ) primaveras, nasceu a poesia em mim, espero que nunca tenha fim, espero que seja boa, rezo sempre peço a Fernando Pessoa, a Boudelair, A Peçanha, pedindo a inspiração a todos que se arvoram nessa façanha, fazer da poesia uma terapia e levar a vida numa boa, viver de vento e de ar, ter tudo em meu Poetar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Ana Laura:

Este é sem dúvida o meu poema preferido. gosto muito quando ondula nos seus versos o seu sentimento, ritmado, sem rumo, sem fim. São poemas que você dar a continuidade que desejasse. É bom "ouvi-la" de novo. Senti-me dentro do compasso do poema. Gostei muito, sinceramente.

Abraço enorme

António

Tropeços Literários disse...

Muito grata cara leitor, seu elogios sempre em encantam, realmente tocam-me a alma.
Grande abraço.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...