O corpo morto em minha cama não mais inflama-me em ardor. Sinto o calor do corpo, mas não sinto amor. O corpo ereto mira o teto eu longe, ele perto sinto dor. O corpo incerto, traidor abjeto, feriu-me tanto. coração aberto tornou-me pranto, murcha flor. Agora perde-se o enquanto envolta eu, em lúdico manto tua boca não gera-me mais calor. Mecânico ato que carente acato mas como um desenho sem cor amor oco, pouco, em triste torpor. |
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
2.20.2010
corpo
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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