Deixa-me olhar
este vão,
precipício,
corpo.
Deixa lançar-me
ao vão,
fictício,
bravio porto.
Deixa-me pegar
à mão,
hospício,
amor louco.
Deixa-me dançar
ao chão,
castisso,
mundo pouco.
Deixa pulsar...
Coração,
sem auspício,
mudo e mouco.
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
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