O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
9.08.2009
A ti que me visitas em meu leito rarefeito.
Carreguei-te com todo cuidado dentro do peito
deitei-me com o coração cortado no meu frio leito,
trazia-te imaginado, lindo, perfeito e distante,
meu amor errante, Irascível , louco e dilacerante.
Não sei como dizer, contar, narrar ao certo,
mas estavas ali: lindo, concreto, ereto e perto,
meu lobo, meu homem, meu dragão, meu ser,
pronto para ter-me, possuir-me, louco de querer.
Tua luz me invade, surgindo doce Marques de Sade do abismo,
me desvendas, me revelas, me penetras, pelo teu psiquismo,
termina a senda desta dor em fenda que arde e me afasta.
Acabastes com estas hastes de aço onde firmo meu ístimo,
Nada mais me afasta, nem me arrasta ou deixa-me casta,
nem o fim do mundo acabando em contundo irrisório cataclismo.
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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