Perdoa-me por ter te lido tão pouco,
perto do que deveria eu ter te lido.
Poderia talvez assim ter me permitido
sentir-te melhor, não buscar entender-te.
saber entender o silencio das tuas palavras
(tão bem escolhidas)
tão contrárias a música garagarejante das minhas...
São teus ditos constritos transbordando de loucura
que me fascinam, a tua luz, a tua escuridão.
A tua tristeza dissimulada de alegria
evidencia a tua generosidade em poupar
os outros do teu eterno e angustiante sofrer.
Tu muda minha poesia, questionas minha alma (antes de mim)
E eu, pobre ser infame, te trato assim vulgar,
como um lugar qualquer,
Por um simples e único pecado, te querer...
Perdoa-me por aceitar a cegueira que tua beleza me imputa,
perdoa-me por te fazer comum para não torna-lo impossível
perdoa-me por reduzir-te ao âmbito da minha virtual cegueira
e pro fim perdoa-me por pensar que poderás não me perdoar
(pois sei que em algum recôndito da tua alma escondes um afeto por mim)
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
7.02.2009
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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