queria não ser nada
nuca ter querido ser nada
queria não ser nunca ninguém
nem a filha de, nem a mãe de,
não ser, simplismente nunca
ter querido ter nada,
nunca sentir, nuca doer nem
ser doída
nunca partir
e me sentir partida,
perdida, desfacelada
na cinzura soturna da tu ausência
inesperada,
queria queria muito nunca
nuca mesmo ter lido,
nem ouvido, nem falado,
de tudo, de toda as coisas
que queria no mundo,
era nunca ter te sabido
e nunca ter te olhado...
(melhor quem sabe nunca ter respirado)
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
7.06.2009
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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