Tenho a fúria de todas a Fúrias em mim,
também tenho o riso tolo de qualquer Arlequim.
Tenho a beleza das flores do jardim,
também tenho o amargor da erva ruim.
Tenho o calor do fogo intenso, carmim,
também o gelo alvo de um inverno sem fim.
Tenho o odor do singelo do belo jasmim,
também o fedor ocre podre pastim.
Tenho o sacro-santo manto de um serafim,
também a mais rubro manto não tão santo assim.
Sou qualuquer ser humano, de qualquer folhetin
rumando todo o ano ao destino do fim.
O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente. /E os que lêem o que escreve,/Na dor lida sentem bem, /Não as duas que ele teve,/ Mas só a que eles não têm./E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão,/Esse comboio de corda/Que se chama coração. Ricardo Reis
11.17.2009
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Quem sou eu
- Tropeços Literários
- Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...
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